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HELLBOY II: O EXÉRCITO DOURADO
Produção:
2008
Duração: 120 min.
Direção:
Guillermo del Toro
Elenco: Ron Perlman,
Selma Blair, Doug Jones, Anna Walton, Luke Goss, Jeffrey Tambor,
Seth MacFarlane, John Hurt
Vídeo: Widescreen Anamórfico 1.85:1 (1080p/AVC MPEG-4)
Áudio: Inglês (DTS-HD Master Audio 5.1), Português, Espanhol,
Tcheco, Húngaro, Polonês, Tailandês (DTS 5.1)
Legendas: Português, Inglês, Espanhol, Tcheco, Húngaro,
Polonês, Tailandês, Croata, Grego
Nº de discos: 1
Região: A
Distribuidora:
Universal
Lançamento: 10/03/2009 |
Cotações:
Filme -
Imagem:
Áudio:
Extras/Menus:
Média:
Comentários de
Jorge Saldanha |
SINOPSE
Nesta
nova aventura do demoníaco super-herói Hellboy (Ron Perlman), o príncipe
élfico Nuada (Luke Goss) quebra um pacto milenar entre os humanos e as
criaturas míticas, declarando guerra à humanidade. No entanto, para
destruir a raça humana, ele terá de libertar o Exército Dourado,
composto por máquinas guerreiras indestrutíveis. Antes que o Inferno
tome conta da Terra, Hellboy terá de derrotar Nuada, cujo destino está
inexoravelmente ligado ao de sua bondosa irmã, Nuala (Anna Walton).
COMENTÁRIOS
Em
um ano em que as atenções dos fãs de super-heróis foram quase todas
atraídas por gigantes como
BATMAN – O
CAVALEIRO DAS TREVAS,
O HOMEM DE FERRO
e O INCRÍVEL HULK, este HELLBOY II: O EXÉRCITO DOURADO ficou relegado a
um segundo plano. O que foi uma pena, já que entre todos os diretores
que atualmente dedicam sua carreira ao gênero fantástico, o mexicano
Guillermo del Toro a cada filme vem refinando seu estilo narrativo único
e maravilhando o espectador com locais exóticos e criaturas fascinantes,
capturadas com uma insuspeitada e via de regra sombria beleza. Isto
ficou bem estabelecido no admirável O LABIRINTO DO FAUNO, e nesta
continuação do filme
de 2004, realizada com mais recursos de produção (U$ 85 milhões, um
valor ainda médio em se tratando de um blockbuster de Hollywood),
o diretor expande sua visão a patamares aos quais ainda não havia
chegado – o que nos deixa ansiosos para ver o que del Toro nos trará na
aguardada duologia O HOBBIT, prelúdio da aclamada trilogia
O SENHOR DOS ANÉIS
de Peter Jackson.
HELLBOY II: O EXÉRCITO DOURADO é obviamente um filme de ação com
super-heróis, mas a visão de del Toro faz dele, acima de tudo, um de
conto de fadas sombrio com sabor das antigas fantasias realizadas pelo
mestre da animação stop motion
Ray Harryhausen. O tom
de conto de fadas do filme é dado logo no início quando, após uma breve
recapitulação das origens do herói, vemos um pré-adolescente Hellboy
ouvindo de seu pai adotivo, o Professor Broom (John Hurt), a milenar
lenda das criaturas míticas, do Exército Dourado e de sua guerra contra
os humanos. Já na atualidade o príncipe elfo Nuada (Luke Goss, num papel
muito parecido com o que interpretou em
BLADE II, também
de del Toro), rebela-se contra seu pai e a irmã Nuada, a fim de mais uma
vez enfrentar os humanos. Hellboy e seus companheiros Liz (Selma Blair),
Abe (Doug Jones), e Manning (Jeffrey Tambor) investigam uma ocorrência
paranormal, na qual as “fadas de dente” de Nuada massacraram os
participantes de um leilão, onde estava à venda uma das três partes da
coroa que concede, ao seu portador, o controle do Exército Dourado. A
partir daí eles descobrem os planos do elfo, que está em busca das peças
restantes, e a aventura segue com boas doses de ação, humor e ótimos
efeitos CGI.
O que poderia ser uma aventura visualmente arrebatadora, mas vazia,
revela possuir um conteúdo igualmente atraente. O filme trata de valores
e crenças como amor, amizade, lealdade e espiritualidade, e este
contexto favorece a continuidade do desenvolvimento dos personagens. A
começar pelo próprio Hellboy, fragilizado e com problemas em seu
relacionamento com Liz. Isso aumenta sua necessidade de reconhecimento
pelo público, o que finalmente leva à revelação da existência da secreta
Agência de Pesquisa e Defesa Paranormais para a qual eles trabalham, em
uma cena hilária. Abe, por sua vez, inicia um delicado romance com a
princesa Nuala, que serve de contraponto às divertidas brigas do casal
principal. E o grupo tem uma interessante adição na engraçada figura de
Johann Krauss (voz de Seth Macfarlane, da série animada UMA FAMÍLIA DA
PESADA), um expert alemão nas ciências ocultas que, após um
acidente, transformou-se em ectoplasma e por isso está sempre contido
numa espécie de escafandro. Algo que não me agradou, no entanto, foi a
ausência do agente Myers (Rupert Evans), explicada por Hellboy numa
única – e nada convincente – frase. Foi um tratamento no mínimo rasteiro
para um personagem de grande relevância do filme original.
Outro fator interessante do filme são as sutilezas dramáticas atribuídas
às criaturas e elementos fantásticos apresentados, passando ao
espectador o sentimento de que um mundo sem fantasia – sem príncipes,
princesas, gigantescas e maravilhosas criaturas (ainda que às vezes
grotescas) – torna-se mais triste, mais pobre. Esta celebração do
imaginário atinge seu ápice na seqüência do mercado dos Trolls, onde
mesclando um primoroso desenho de produção, maquiagem, animatrônicos e
CGI, del Toro cria um equivalente contemporâneo à Mos Eisley de
STAR WARS,
repleto de personagens vívidos, bizarros e interessantes. É o ponto alto
do filme e do estilo peculiar do diretor, que soube criar uma das
locações mais elaboradas, detalhadas e visualmente estimulantes dos
últimos anos.
O BD
HELLBOY
II: O EXÉRCITO DOURADO faz parte do primeiro pacote nacional de Blu-rays
da Universal que inclui títulos do próprio estúdio – os filmes
anteriormente lançados aqui eram do acervo Studio / Canal, sem extras e
com qualidade irregular. Sem dúvida este é um BD tecnicamente refinado,
porém inferior em comparação às versões disponibilizadas nos EUA e
Europa, que trazem mais extras e áudio em inglês DTS-HD MA 7.1 – a nossa
configuração é “apenas” 5.1. E pior, este BD de HELLBOY II tem preço de
lançamento de R$ 99,90 - R$ 10,00 mais caro que os BDs bem mais
caprichados da Sony, Fox e Paramount lançados no Brasil - alguns deles
com dois discos! Não conferi nenhum dos outros BDs que fazem parte deste
pacote da Universal - como os dois HULK e a trilogia A MÚMIA - mas
todos custam o mesmo preço e provavelmente também passaram pela
tesoura... lamentável. Parece que, entre as majors, a Universal e
a Disney estão disputando a tapa para ver quem lança os BDs mutilados
mais caros.
No quesito imagem, não há muito do que se queixar. O filme recebeu uma
transferência anamórfica 1080p/AVC MPEG-4 de ponta, na proporção
original 1.85:1, que preserva o alto nível de detalhes mesmo nas muitas
cenas escuras. As texturas e detalhes de roupas, uniformes, pele e
adereços são impressionantes. Assim como as cores, vivas, estáveis e que
apresentam uma rica paleta – o vermelho de Hellboy e as nuances de azul
de Abe são os melhores exemplos. Os níveis de preto são sólidos,
perfeitos, elemento essencial para recriar o mundo sombrio apresentado
durante o filme. Nas tomadas a média e longa distância notamos indícios
de filtragem digital, porém de um modo geral é uma transferência em alta
definição que não faz feio se comparada à que recebeu o filme original
(da Sony), considerada por muitos uma referência no formato.
O áudio original em inglês, como já referi acima, é trazido em uma faixa
lossless DTS-HD MA 5.1. Talvez a configuração com dois canais
adicionais do BD importado proporcione uma experiência auditiva mais
envolvente, porém a faixa sem perdas disponível em nossa versão é das
melhores que já ouvi - equivale à de O INCRÍVEL HULK (2008), também
lançado aqui pela Universal no mesmo pacote e que é simplesmente
explosiva. Os diálogos sempre soam límpidos, e além de uma ambientação
sonora envolvente, ela alia uma perfeita fidelidade com impressionante
robustez. A primeira grande cena de ação do filme – o confronto com as
“fadas de dente” – já demonstra toda a potência e intensidade da
mixagem, com disparos de armas e sons de centenas de inimigos cercando o
ouvinte por todos os lados. Também já percebemos aqui o nível incomum
dos graves, similar ao que ouvimos no citado HULK. Outro destaque é a
batalha com o gigante Elemental, onde os graves atingem o ouvinte não
apenas com força, mas com um realismo que é intensificado pela atividade
agressiva vinda dos canais surround. Enfim, é o tipo de som que
levará ao limite não apenas as caixas de som do home theater, mas
também sua convivência pacífica com os vizinhos. As dublagens em
português, espanhol, tcheco, húngaro, polonês e tailandês, todas em DTS
5.1, são de menor exuberância mas ainda assim de elevada qualidade. Os
menus principais animados, em português, seguem o elegante padrão da
Universal, assim como os pop-up que acessamos durante o filme –
estes, no entanto, simples e feios demais para o meu gosto.
OS EXTRAS
Uma pena
que algumas grandes distribuidoras continuem tentando economizar
tostões, quando lançam DVDs e BDs em nosso mercado. Recentemente a
Warner disponibilizou aqui o Blu-ray inglês de BATMAN – O CAVALEIRO DAS
TREVAS em apenas um disco, omitindo o adicional de extras (e custando os
mesmos fatais R$ 99,90). Agora foi a vez da Universal, que eliminou o
DVD bônus (vejam bem: DVD, não BD, o que por si já significa redução de
custos de fabricação) das edições em alta definição americana e européia
de HELLBOY II, que contém, entre outras coisas, um longo making of
de 155 minutos (!), galerias de imagens adicionais e o roteiro original
do filme. Além disso, foram omitidos do nosso BD alguns featurettes,
cenas excluídas e galeria de imagens com comentários do criador de
Hellboy, Mike Mignola. Restaram, então, apenas alguns extras do BD
simples, basicamente comentários em áudio e recursos interativos, alguns
plenamente dispensáveis. E o detalhe: nada com legendas em português.
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Comentários em Áudio
– Podemos assistir ao filme ouvindo duas faixas com comentários em
áudio. Na primeira, antecedida por um vídeo de 22 segundos, o
diretor Guillermo del Toro nos dá um interessante depoimento sobre,
entre outros assuntos, suas intenções artísticas, influências e os
temas de que trata o filme. A segunda faixa traz os atores Jeffrey
Tambor, Selma Blair e Luke Goss em participações mornas e
superficiais. Pelo jeito a ausência de Ron Perlman – de boa e
divertida participação nos comentários do filme anterior –
prejudicou o bate-papo;
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Criador de Gibi
– O propósito deste recurso é que você selecione imagens (frames)
de três cenas pré-determinadas, aplique neles alguns diálogos
pré-escritos e os coloque em uma página de gibi. Se o seu reprodutor
tiver upgrade para o Profile 2.0 você poderá
compartilhar sua criação online. No entanto, a limitação de
opções e controles torna este um recurso chato e dispensável;
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Controle U (Profile 1.1)
– De interface nada amigável, este recurso dos BDs da Universal
permite que você assista ao filme com quatro possíveis opções PIP:
“Arte Conceitual” (o conceito de criação da arte que corresponde à
cena eu você está assistindo), “Explorador de Cenas com Diversos
Estágios dos Efeitos Especiais” (ângulos alternativos que mostram os
vários estágios de desenvolvimento dos efeitos visuais), “Bloco de
Notas do Diretor” (vídeos de entrevistas) e “Visitas ao Set”
(bastidores das filmagens, cenas alternativas, entrevistas com o
elenco, etc.). Este material foi retirado principalmente dos extras
omitidos aqui no Brasil;
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Minhas Cenas
(Profile
2.0)
– Outro recurso comum nos BDs da Universal, que dá a opção de que
você marque e salve seus capítulos favoritos para acesso posterior,
mesmo após retirar o disco do reprodutor. Também permite que você
compartilhe suas cenas com outros na internet, se o reprodutor for
compatível com BD-Live;
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Meu
Chat (Profile 2.0)
– Recurso que permitirá aos milhões de brasileiros que comprarão
este caríssimo e depenado BD que batam papo online uns com os
outros durante o filme, usando um teclado virtual que aparece na
tela, laptop ou PDA, além de participar de eventos
programados pela Universal, como o chat com Guillermo del
Toro que já aconteceu em 23/11/2008. Chegamos tarde...
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