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RAMBO IV
Direção:
Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone,
Julie Benz, Matthew Marsden, Graham McTavish, Reynaldo Gallegos,
Jake La Botz, Tim Kang
Distribuidora: Lionsgate
Duração: 98 min.
Região:
A
Lançamento: 27/05/2008
Nº de discos:
2 |
Cotações:
Filme -
BD -
Comentários de
Jorge Saldanha |
SINOPSE
Vinte anos após sua última aventura, John Rambo (Sylvester Stallone)
leva uma vida solitária no norte da Tailândia, fronteira de Mianmar - a
antiga Birmânia. Ainda que nos arredores esteja acontecendo uma guerra
civil entre os birmaneses e a tribo Karen, Rambo há muito tempo desistiu
de lutar. Mas seu isolamento termina quando um casal de missionários,
Sarah (Julie Benz) e Michael Bennett (Paul Schulze), pede a Rambo que os
guie pelo rio Salween para que possam entregar remédios e alimentos para
os Karen, uma vez que os militares birmaneses colocaram minas terrestres
na estrada. Após duas semanas, o pastor Arthur Marsh (Ken Howard) conta
a Rambo que os missionários foram capturados e pede sua ajuda para
resgatá-los. Apesar de ser um soldado treinado para matar, Rambo reluta
em se envolver em mais um conflito violento - no entanto ele sabe o que
deve fazer e concorda em liderar um grupo de mercenários até a zona de
guerra.
COMENTÁRIOS
A partir de 2006 Sylvester Stallone tratou de refazer sua carreira,
ressuscitando à base de anabolizantes seus dois personagens de maior
sucesso junto ao público – Rocky e Rambo. Se o primeiro retornou em 2006
com um filme emotivo e bem recebido pela crítica, o segundo (sem
surpresas) chegou ao cinema no início de 2008 recebendo dos críticos o
mesmo chumbo grosso que distribui nas telas. Este foi um risco
conscientemente assumido por Stallone, que em ambas as produções
(dirigidas por ele mesmo) procurou preservar a melhor essência das
criaturas que o tornaram célebre. Para o bem ou para o mal, ele foi bem
sucedido, e neste Rambo IV (cujo título original é simplesmente
Rambo) Sly entrega ao seu público-alvo o personagem em sua forma
crua, numa violentíssima aventura que provavelmente representa um final
explosivo para a franquia.
Como já havíamos constatado em Rocky Balboa, Stallone evoluiu como ator
e diretor – e se como Rambo sua atuação seja mais, digamos, econômica, o
mínimo que se pode dizer é que neste ele demonstra ser um artesão muito
competente. Tenta fazer um filme socialmente relevante ao denunciar as
atrocidades cometidas pelos militares na Birmânia e, a exemplo do que
ocorreu em Rambo III, coloca o herói lutando contra os opressores
do povo. Obviamente que os mais críticos alegarão que este é um recurso
que busca apenas legitimar a violência de Rambo contra os vilões, e eles
não deixam de estar errados. Seja como for, o efeito desejado é obtido -
como não vibrar quando o herói corta pela metade, com tiros de uma
metralhadora calibre 50, os soldados que matam com suas baionetas
crianças indefesas, ou que se divertem sadicamente
obrigando pobres camponeses a atravessarem campos minados?
Assim como em
Rocky Balboa,
é possível traçar um paralelo entre a situação do personagem no início
do filme e a do próprio Stallone (ambos, figuras que saem do ostracismo
a fim de reprisar feitos passados). A diferença é que desta vez,
diferentemente de Rocky e do próprio Stallone, John Rambo, que vivia
solitariamente na pequena vila da Tailândia capturando cobras para
vender, volta à ação relutantemente. Mas quando isso acontece, muito
graças aos belos olhos da personagem de Julie Benz, sabemos exatamente o
que esperar. O confronto final de Rambo contra os soldados
birmaneses é uma sangrenta catarse para Rambo e a platéia. Nunca, em
nenhum filme da série, morreu tanta gente, e nunca as mortes foram
mostradas de forma tão realista – os projéteis arrebentam cabeças,
membros são decepados e corpos são destroçados numa orgia de sangue
tornada verossímil pelos perfeitos efeitos em CGI.
Fora o sangue e as tripas, o ator/diretor/roteirista lida com o
envelhecimento do personagem e os fantasmas do passado que sempre o
assombraram, mas isso será melhor apreciado (ou não) de acordo com o
nível de tolerância do espectador com a violência empregada. O resultado
da receita para muitos indigesta de Stallone é o filme mais amargo e
sombrio da série – para alguns talvez até mesmo o melhor. Aparentemente
Rambo e seus filmes
não são compatíveis com os tempos politicamente corretos que vive a
indústria de Hollywood, e Stallone merece os parabéns por ter tido a
coragem de cometer esta “indulgência” consigo mesmo e com aqueles que
lembram com nostalgia as aventuras originais dos anos 1980. Graças a
isso os vilões mais uma vez receberam o que mereciam pelas mãos de John
Rambo – o seu pior pesadelo.
O BD
Aqui no Brasil Rambo IV sairá para venda direta em outubro de
2008 pela Flashstar, porém desde maio o filme já está disponível em DVD
e BD nos EUA pela Lionsgate. O Blu-ray traz o filme numa transferência
com resolução 1080p (AVC MPEG-4), em widescreen anamórfico no
formato original de tela 2.35:1, que apresenta uma imagem detalhada e de
alta qualidade. Os níveis de preto são robustos, mesmo nas cenas
escuras o detalhe e o contraste são elevados, e as cores, apesar de
serem propositadamente alteradas (como é hábito atualmente, para dar ao
filme um visual estilizado), são consistentes e estáveis. Eventualmente
notamos alguma granulação inerente à fonte, mas não é nada que tire o
brilho desta excelente apresentação.
O BD possui apenas áudio em inglês, com destaque para a impressionante
faixa lossless DTS-HD 7.1 Master Audio (48kHz/24-bit) que irá
desafiar os limites até dos mais sofisticados home theaters. Caso
seu receiver não codifique este áudio de alta definição, não se
preocupe – ainda assim você ouvirá o som em DTS 5.1 de elevada
qualidade. O filme possui uma excelente mixagem, com diálogos sempre
nítidos, graves pesados nas explosões, e ambientação surround
sutil, imersiva nas cenas da selva, e dinâmica quando reproduz os
efeitos sonoros dos combates. Também está disponível uma faixa em inglês
Dolby Digital 5.1, e legendas apenas em inglês e espanhol. Gostei dos
menus, elegantes e funcionais. Diferentemente de outros BDs, quando
acionamos o menu durante a reprodução do filme, ele não surge como um
menu flutuante sobre a imagem, mas assume toda a tela, enquanto o filme
passa em uma janela menor.
OS EXTRAS
Pelo que foi divulgado, o DVD nacional da Flashstar sell-thru trará a maior parte
dos extras presentes no Blu-ray duplo de Rambo IV, exceto pelos
comentários em áudio, a cópia digital e os recursos exclusivos do BD.
Aqui, tudo está completo, em alta definição (porém com transfers
MPEG-2) e widescreen, porém sem nenhuma legenda disponível. Para
os títulos dos featurettes, usei a mesma tradução feita pela
Flashstar.
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Comentários em áudio – Uma pena que o DVD nacional não trará estes comentários do astro
e diretor Sylvester Stallone, já que eles são um dos melhores extras
do pacote. Seus depoimentos são esclarecedores, bem articulados e
demonstram todo o carinho que ele tem por este projeto há muito
acalentado, e pelo próprio personagem John Rambo. Ele fala
abertamente sobre a violência do filme, segundo ele justificável
para demonstrar a situação real vivida em Mianmar. Ele também
fornece muitas informações sobre a produção, inclusive técnicas.
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Featurettes
(HD) – Temos seis featurettes que, combinados, formam um
ótimo documentário sobre a produção com aproximadamente 70 minutos:
"É um Longo Caminho: Ressurreição de um Ícone" (19 min.) faz um
retrospecto dos quase 20 anos de desenvolvimento de Rambo IV,
incluindo idéias descartadas; "A Arte da Guerra Parte 1: Edição" (6
min.), "A Arte da Guerra Parte 2: Som" (3 min.) e "Produzindo a
Trilha: a Música de Rambo" (7 min.) focam os trabalhos de
pós-produção, com o último trazendo depoimentos do compositor Brian
Tyler e do próprio Stallone sobre o processo de criação da trilha
original, com base nos temas de Jerry Goldsmith e material do
próprio Tyler; "O Armamento de Rambo" (15 min.) examina o poderoso
arsenal usado no filme; "A Recepção de um Herói: Lançamento e
Reação" (10 min.) mostra cenas da premiére do filme e a reação
positiva no fim de semana de estréia; e "Legado do Sofrimento: A
Verdadeira Luta em Mianmar" (11 min.) destaca o esforço dos
defensores dos direitos humanos para chamar a atenção do público
para a luta travada naquele país.
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Cenas Deletadas (HD, 14 min.) – Quatro cenas que ficaram na sala de edição, em
formato wide 1.85:1. Basicamente são extensões de diálogos
entre Rambo e Sarah (não espere ver chacinas adicionais aqui). Não
há comentários ou textos descritivos.
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Rambo Series Trailer Gallery
(HD) – Os trailers
originais dos filmes de Rambo, em vídeo anamórfico 1080p. Apesar
disso, devido ao estado da película original, os mais antigos
possuem qualidade de imagem medíocre.
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Cópia Digital – DVD-Rom contendo uma cópia digital de Rambo IV, em
definição standard, que pode ser vista em PCs, Macs e
dispositivos móveis. Depois de ver o filme em alta definição, não
sei que graça se terá em ver uma cópia com qualidade de DVD no
computador ou na tela minúscula de um iPod, mas...
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Bonus View: Picture-in-Picture – Recurso disponível
para os players habilitados para o Profile 1.1,
baseia-se nos comentários em áudio de Sylvester Stallone – a
diferença é que ele aparece falando numa pequena janela, onde também
vemos muitas cenas de bastidores, montadas de forma ágil e com um
ótimo andamento. Sem dúvida, o melhor extra de todo o disco.
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MoLog
– Pelo que entendi este recurso permite que o usuário assista ao
filme e depois coloque seus comentários online no tal “Movie
Log”. Apesar do meu player – um Playstation 3 – atender aos
requisitos exigidos (Profile 2.0 - BD Live e conexão
com a internet), não consegui utilizar o recurso até o momento em
que escrevi esta resenha, portanto não tenho como avaliá-lo.
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