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Em
1996, o tradicional selo dedicado à
música de cinema colocou no seu catálogo duas edições desta que é
considerada por alguns críticos
como a melhor trilha sonora de todos os tempos. A primeira é uma
regravação digital com o competente Joel McNeely conduzindo a Royal
Scottish National Orchestra, com quase 30 min. de música adicional em
relação ao CD da Mercury, o único até então disponível, com a gravação
original da trilha regida
por Muir Mathieson. Em que pese a
competência de McNeely como condutor, amplamente demonstrada na versão
de Fahrenheit 451 para a própria Varèse, esta nova edição vale
principalmente pela música adicional, incluindo a presença da faixa "The
Graveyard", cuja gravação original não mais existe, e pela superior
qualidade de som. O
que nos leva ao segundo CD, que contém exatamente as gravações originais
do inglês Muir Mathieson.
Um Corpo Que Cai, pelo seu conjunto
de soluções criativas, é com justiça considerado uma obra-prima não
apenas de Hitchcock, mas do cinema de todos os tempos.
Já no início da
projeção, assistindo aos créditos magistrais de Saul Bass ao som do
hipnótico "Prelude"
de Herrmann, somos imersos em um perfeito universo "hitchcoquiano",
repleto de problemas psicológicos, interpretações freudianas e, é claro,
muito suspense. Sem dúvida a peça mais conhecida do score, o "Prelude"
divide-se em dois segmentos: o primeiro inicia-se com os violinos,
madeiras, vibrafone, harpas e celesta interpretando um ciclo
aparentemente interminável de 7 notas: os metais surgem, então, para
introduzir as cordas, que iniciam o segundo segmento, um motivo de 4
notas que posteriormente será desenvolvido no magistral tema de amor. Na
mesma faixa, segue-se "Rooftop", agitada cena que nos apresenta a
acrofobia do personagem principal, representada musicalmente por notas
dissonantes, em glissando de harpa.
Para "The Dream", outro marco do
score, Herrmann utiliza um tango como base, sua essência latina
remetendo aos dramáticos acontecimentos ocorridos na velha missão
espanhola. É
interessante notar que Bernard Herrmann, à época impedido, por problemas
de produção, de conduzir sua própria obra, colocou restrições ao
trabalho de Mathieson. Esta edição de 65 min. acompanhou o relançamento
do filme em novas cópias, e a ausência de "The Graveyard" é amplamente
compensada por 4 faixas nunca antes disponíveis: "Mission Organ", "The
Streets", "The Past" e "The Girl". Apesar de, em alguns trechos, a
restauração não ter conseguido mascarar os efeitos do tempo sobre as
fitas originais, temos pela primeira vez, quase que na íntegra, a versão
que os críticos consideram definitiva, o que nos leva a preferi-lo em
relação ao CD de McNeely. |
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