|
|
007 - CASSINO ROYALE
Direção:
Martin Campbell
Elenco: Daniel Craig, Eva
Green, Mads Mikkelsen, Judi Dench, Jeffrey Wright, Giancarlo Giannini,
Caterina Murino, Simon Abkarian
Distribuidora: Sony
Duração: 144 min.
Região: A, B, C
Lançamento: 17/12/2007
Nº de discos: 1 |
Cotações:
Filme -
BD -
Comentários de
Jorge Saldanha |
O FILME
Em
sua primeira grande missão após receber a licença para matar, o agente
secreto James Bond (Daniel Craig) deve levar à falência Le Chiffre (Mads
Mikkelsen), banqueiro particular de um grupo de terroristas. O objetivo é
posteriormente oferecer proteção ao banqueiro, em troca de informações que
permitam desbaratar a rede de terrorismo. A missão leva Bond a Madagascar,
Montenegro (onde terá que vencer Le Chiffre no pôquer) e finalmente a
Veneza. Em meio às altas apostas que podem encerrar a missão e até mesmo
sua vida, o agente 007 se apaixona pela bela funcionária do Ministério da
Fazenda, Vesper Lynd (Eva Green).
Após a polêmica
ocasionada pela escolha do loiro Daniel Craig para ser o novo James Bond,
007 - Cassino Royale
foi consagrado pela crítica e tornou-se o filme da longa franquia que teve
o maior sucesso de público. De início a escolha de Craig também não me
agradou, mas a verdade é que sua figura um tanto "rústica" se adaptou
perfeitamente ao perfil do personagem, que aqui recém está começando a
desenvolver sua conhecida sofisticação. O filme, baseado no único livro de
Ian Fleming sobre o qual os produtores da série oficial até há alguns anos
não possuíam os direitos, marca um retorno da franquia ao tom mais
realista dos primeiros filmes, e isso notamos já a partir do prólogo em
preto e branco, onde vemos Bond conquistar sua licença “00”. Apesar de não
dispensar cenas de ação vertiginosas (a perseguição free running na
África, o atentado no aeroporto), a aventura também extrai tensão de
situações típicas de personagens, como a cena em que Le Chiffre tortura
Bond que está amarrado, nu, em uma cadeira. O jogo de cartas (no filme o
pôquer substituiu o bacará do livro), que em filmes anteriores servia
apenas como método narrativo, agora é parte essencial da trama e inclusive
dá origem a momentos eletrizantes, como quando Bond é envenenado por uma
droga que lhe provoca um infarto. Contudo, para melhor apreciar o filme,
indiscutivelmente o fã deverá estar com a mente aberta para duas coisas:
primeiro, é claro, a própria figura de Craig - loiro, nariz de boxeador e
ostentando o início de uma indisfarçável calvície; e segundo, o fato de
que 007 - Cassino Royale,
ainda que feito por uma equipe de veteranos da série (a começar por Martin
Campbell, que em 1995 dirigiu 007
Contra Goldeneye),
é uma espécie de "James Bond Begins" que rompe com a cronologia mantida
até agora, mostrando a origem do personagem nos dias de hoje. Desse modo
Bond deixa de ser um agente forjado pela Guerra Fria e passa a ser fruto
de uma nova geração do MI6, que obtém sua notória licença para matar em
pleno século 21, já no fim da era Tony Blair. Por isso causa estranheza
que, num contexto em que a cronologia da série foi rompida, M continue
sendo interpretada por Judy Dench, que assumiu o papel em 1995 já no
primeiro filme de Pierce Brosnam como James Bond. Campbell assume que a
decisão de manter Dench foi apenas dele, portanto considero este o maior
(ou único) deslize do diretor. Mas relevados estes detalhes, 007 -
Cassino Royale pode ser considerado o melhor e mais
consistente filme de ação de 2006, e sem dúvida um dos melhores da
franquia 007 – muitos inclusive acham que é o melhor. Com um roteiro
cuidadosamente estruturado (espantosamente, da mesma dupla que escreveu o
criticado 007
– Um Novo Dia para Morrer), ele utiliza alguns elementos
conhecidos da série de forma diferente (o habitual tiro na câmera surge
bem depois, a famosa assinatura musical do personagem é ouvida apenas no
encerramento); outros, como Q e as engenhocas que fornecia para as missões
de 007, desapareceram - certamente para tornar o filme mais verossímil.
Uma atração à parte é a deslumbrante Eva Green, que com seus enormes olhos
verdes conquista o coração do nosso herói. Aliás, para aqueles que
disseram que esta foi a primeira vez que 007 se apaixonou, lembro que isso
já acontecera em
007
A
Serviço Secreto de Sua Majestade
(1969), onde ele inclusive se casou. Mas o importante em tudo isso é que
Bond is back em grande
estilo, e renovou sua licença para matar por um novo e, pelo jeito, longo
período.
O BD
Integrando o primeiro pacote de lançamentos nacionais em Blu-ray (BD) da
Sony – agora definido como o formato padrão para os DVDs de alta
definição –
007 -
Cassino Royale
se destaca. Claro que constatamos alguns problemas que nos fizeram
recordar os primórdios dos lançamentos em DVD, como menus apenas em
inglês e extras sem opção de legendas em português. Isto se deve ao fato
de nem a mídia e nem a autoração serem feitos no Brasil, ou seja, estes
primeiros lançamentos são apenas importados, “nacionalizados” com uma
capa em português. Aliás, é bom esclarecer que o BD também é codificado
em regiões – o Brasil está na região A, que inclui as Américas e parte
da Ásia. Os títulos atualmente nacionalizados são importados dos EUA ou
Japão, sendo que os da Sony são multi-região e têm preço de lançamento
em média R$ 30,00 mais barato que os das concorrentes Warner, Fox e
Disney/Buena Vista, o que faz deles a melhor opção de compra para quem
já possui em casa um player BD. A primeira diferença que você
notará no Blu-ray de
007 - Cassino Royale
é sua embalagem – em plástico azul, ela é mais compacta que a conhecida
Amaray usada nos DVDs. Sua altura é menor, mas por razões de
segurança, sabiamente a largura é a mesma da Amaray padrão. Isto
é de significativa importância, no momento em que a Fox do Brasil adotou
para seus DVDs unicamente a Amaray Slim (leiam meu
editorial
a respeito). O layout da embalagem segue o padrão dos primeiros
lançamentos da Sony: na frente, acima do encarte externo de papel que
traz o pôster do filme, vemos o elegante logotipo do formato Blu-ray,
prateado, impresso na própria embalagem; atrás, no encarte externo, as
informações padrão sobre o disco: sinopse, extras, linguagens, censura,
etc. Por ter a mesma largura da Amaray comum, as informações que
estão na lombada são facilmente legíveis. Mas vamos agora ao principal,
que é o conteúdo da embalagem. O disco BD à primeira vista é idêntico ao
DVD. Na face do rótulo, temos o nome do filme, com uma imagem de fundo
genérica, comum a todos os primeiros lançamentos da Sony no formato. Mas
se você olhar na face onde os dados estão gravados, notará que o disco é
apropriadamente azulado. Ao inserir o disco, são carregados os bonitos
menus animados com cenas em preto e branco, tendo ao fundo a trilha
musical – uma prova de excelência baseada na simplicidade. Os menus são
praticamente iguais aos do DVD, exceto que não possuem tradução para o
português, além de poderem ser acessados dinamicamente durante a
reprodução do filme – uma característica do formato de alta definição
que facilita bastante a alteração das configurações e acesso direto aos
extras. Contudo, esses recursos ainda estão engatinhando no BD, futuros
lançamentos deverão explorar mais essa versatilidade. Já quanto à
qualidade de som e imagem do filme, ela é impressionante. Talvez minha
avaliação seja influenciada por ainda estar muito acostumado com os
padrões do DVD, mas sobre a transferência em resolução full
1080p/AVC MPEG-4,
no
formato original widescreen anamórfico 2.40:1, só posso dizer que
é perfeita. Até por ser um filme bem recente, sem dúvida é uma das
melhores apresentações que a Sony poderia fazer de um filme em BD, e se
você quiser impressionar seus amigos, não tenha dúvida: o queixo deles
irá cair ao verem
007 -
Cassino
Royale em alta definição. Após o prólogo em preto e
branco, surgem os tradicionais créditos principais, que já antecipam as
cores sólidas e vivas do resto do filme. Em alguns momentos estranhei o
tom da cor da pele dos personagens, mas para fazer justiça deve ser dito
que
Cassino Royale, como a grande maioria dos filmes de hoje,
recebe um tratamento digital da imagem que influencia diretamente as
cores. Em outros, você notará alguma granulação, mas isso é
característica da fotografia do filme, e de modo geral a imagem é
excelente em nível de detalhes e nitidez. Os velhos problemas com os
níveis de preto e artefatos de compressão, que sempre assombraram o DVD,
inexistem aqui. Quanto ao áudio, temos três faixas em Dolby Digital 5.1
– inglês, francês e espanhol – e uma potente faixa em inglês PCM 5.1 não
comprimido. O áudio Dolby Digital é de alta qualidade, fornecendo uma
ambientação perfeita e sendo particularmente dinâmico e potente nas
cenas de ação. Na seqüência da perseguição do aeroporto e,
principalmente, na do afundamento do prédio em Veneza, meu apartamento
parecia estar desabando. Se ainda dessa vez não fui expulso do
condomínio por vizinhos enfurecidos, acho que nunca mais serei.
Infelizmente, como não tenho um receiver com entrada
HDMI e uso um Playstation 3 como player, que não possui
saídas analógicas multicanais, ainda não posso me beneficiar do áudio
não comprimido, que segundo avaliações é simplesmente explosivo. Mesmo
assim o áudio Dolby 5.1 me soou melhor em Blu-ray, provavelmente por ter
menor compressão.
As legendas estão disponíveis em inglês, português,
espanhol, francês e alguns idiomas asiáticos. Aliás, chega a ser até
engraçado dizer isso, mas em BD até a qualidade das legendas
impressiona. Brancas,
elas possuem bordas totalmente arredondadas, sem os
serrilhados típicos das legendas dos DVDs. Enfim, 007 – Cassino
Royale em Blu-ray impressiona, demonstrando as potencialidades do
DVD de alta definição da Sony. Para quem já adotou o formato, é um
título indispensável.
OS EXTRAS
Os
extras do Blu-ray de Cassino Royale são os mesmos que já
apareceram no DVD duplo, em resolução standard 480i/MPEG-2, e podem ser
considerados até discretos (basicamente trazem material feito para
promover o lançamento do filme nos cinemas) se comparados com os das
edições em DVD “Ultimate” dos demais filmes da série, lançadas pela Fox
em 2006. Não seria nada mal se houvesse uma faixa de comentários de
áudio com o diretor Martin Campbell ou com o ator Daniel Craig, mas pelo
jeito isso ficará para um futuro relançamento. Todos os extras (à
exceção de Bond Girls são Eternas e do clipe musical "You Know
My Name") estão em wide anamórfico e com áudio em inglês 2.0,
mas diferentemente do lançamento em DVD, não possuem legendas em
português – infelizmente uma característica dos primeiros lançamentos da
Sony em BD no Brasil.
-
Tornando-se Bond (26
min.) –
Making of que traz vários depoimentos de Daniel Craig, o sexto ator a
interpretar James Bond no 21º filme da Eon Productions. A produtora
Barbara Broccoli fala sobre o livro de 1953 e suas adaptações anteriores –
um especial de TV ainda nos anos 1950 com Barry Nelson como “Jimmy Bond”,
e a sátira de 1967 onde Peter Sellers, David Niven e Woody Allen
interpretaram o espião, e Orson Welles o vilão Le Chiffre. Através de
cenas de bastidores, acompanhamos as filmagens em Praga e nas Bahamas (no
filme passando por Madagascar). Martin Campbell admite que utilizar Judi
Dench como M no novo filme foi ilógico, mas que por gostar muito dela no
papel, optou por ignorar essa inconsistência;
-
James Bond: De Verdade
(23 min.) –
Featurette que, usando cenas de bastidores e storyboards,
mostra como foram feitas as cenas de ação e de dublês. Na perseguição a
pé em Madagascar foi utilizado o incrível Sebastien Foucan, criador do
esporte conhecido como free running ou Parkour. Também em
destaque a cena em que o Aston Martin de Bond capota e gira sete vezes
antes de se espatifar (um recorde mundial) e a caçada no aeroporto de
Miami. Por fim temos o afundamento do prédio em Veneza, que foi filmado
num grande set de Praga. Fica clara a ênfase de que as cenas
fossem filmadas on camera e com a maior participação de Craig
possível, evitando os efeitos CGI;
-
Bond Girls São Eternas
(49 min.) –
Dividido em três partes, que podem ser vistas isoladamente ou de uma só
vez, este é um interessante documentário feito para a TV apresentado por
Maryam d'Abo, atriz de 007 Marcado para a Morte (1987), que como
o nome indica trata das beldades dos filmes de 007. O interessante é que
este programa foi feito à época de
007 – Um Novo
Dia para Morrer, mas foi atualizado com a inclusão de
entrevistas com as duas Bond Girls de 007 – Cassino Royale,
Eva Green e Caterina Murino. Além delas Maryam entrevista, entre outras,
Ursula Andress (a primeira Bond Girl, de 007 Contra o Satânico
Dr. No, 1962), Honor Blackman (007 Contra Goldfinger,
1964), Jill St. John (007 – Os Diamantes são Eternos, 1971), Jane
Seymour (Com 007 Viva e deixe Morrer, 1973), Michelle Yeoh (007
– O Amanhã nunca Morre, 1997), e Halle Berry (007 – Um Novo
Dia para Morrer, 2002). Muitas entrevistadas enfatizam como as
Bond Girls evoluíram ao longo da série, já que no início elas não
passavam de meros objetos sexuais ou mocinhas em perigo. Porém o mais interessante é ver a aparência atual das atrizes que povoaram os
sonhos de muitos fãs de Bond. Algumas enfrentaram os anos com dignidade,
envelhecendo bem. Já outras... pobre Ursula Andress!
- Videoclipe
de Chris Cornell "You Know My Name" (4 min.)
– É o clipe da
canção tema, com música de
David Arnold, que continua sendo o
responsável pelas trilhas incidentais, e letras do próprio Cornell. O
detalhe é que a canção não foi incluída no CD da trilha sonora original.
MENUS
|