o filme
Nesta continuação do clássico de horror de George Romero, A NOITE DOS
MORTOS-VIVOS (Night Of The Living Dead, 1968), a civilização
começa a ruir depois que uma epidemia que transforma os mortos em zumbis
devoradores de carne humana espalha-se pelo mundo. Dois funcionários de
uma estação de TV da Filadélfia, Stephen (David Emge) e Francine (Gaylen
Ross), juntamente com os da S.W.A.T. policiais Roger (Scott H. Reiniger)
e Peter (Ken Foree), roubam o helicóptero da emissora e tentam fugir do
holocausto. Eles acabam encontrando abrigo em um enorme shopping
center, e decidem ficar lá à espera de que a crise seja superada.
Após eliminarem os mortos-vivos que estavam dentro do shopping,
eles bloqueiam todas as entradas e vivem por um tempo em relativa
segurança. Porém, não tarda para que eles tenham de enfrentar um bando
de saqueadores e uma nova horda de zumbis. Este DESPERTAR DOS MORTOS,
lançado nos cinemas do Brasil em 1979 com o título de ZOMBIE – O
DESPERTAR DOS MORTOS, sempre foi um dos meus filmes preferidos dos anos
70. Ele lembra as minhas noitadas, em plena época da faculdade (por
volta de 1980) em Porto Alegre, que iniciavam nos ciclos de terror e
ficção científica do saudoso Cine Bristol, onde eram exibidos filmes de
gente como Romero, Carpenter, Cronenberg, Dante, etc. Para mim a década
de 70 foi um caldeirão fervilhante de criatividade na música e no
cinema, e assistindo hoje a um filme assim fica fácil de saber o porquê.
Além de contar uma história de horror, Romero e outros cineastas da
época, que se aventuraram no gênero, buscavam provocar o espectador,
tirando-o da experiência passiva que é, normalmente, assistir a um
filme. Assim, além do susto e do nojo provocado por algumas cenas mais
violentas (que hoje ganham um ar até divertido, graças aos efeitos de
maquiagem ultrapassados), o espectador de DESPERTAR DOS MORTOS é levado
a refletir sobre o que está vendo, e mais, sobre o que está por trás da
trama. Em seus filmes de zumbi, e em especial neste, Romero buscava
satirizar a sociedade através dos seus patéticos zumbis, que em sua
ânsia de aplacar a fome, eram transformados no consumidor ideal e
definitivo – por mais carne humana que ingerissem, sua fome nunca era
aplacada. Em DESPERTAR DOS MORTOS a sociedade de consumo é criticada em
dois níveis – um é o do shopping, local onde transcorre a
maior parte da ação; o outro é o do comportamento de zumbis e humanos em
pleno templo do consumo. Os primeiros, movidos pelo instinto, reproduzem
mecânica e atrapalhadamente o que faziam no shopping quando
vivos: sobem e descem as escadas rolantes, olham abobalhados as
vitrines, perambulam pelos corredores... os humanos, por sua vez, quando
livres da ameaça dos zumbis, satisfazem seus sonhos de consumo sem
precisarem gastar um único tostão. Tudo isso embalado por uma trilha
sonora às vezes contraditoriamente alegre, quase circense, criada pelo
grupo de rock progressivo
Goblin (que criou a
trilha de muitos filmes de horror do diretor Dario Argento, que aqui,
além de ajudar na trilha sonora, também é um dos produtores do filme).
Mas o recado final de tudo isto, jogado no espectador, é que vivos,
mortos ou mortos-vivos sempre terão um alto preço a pagar por uma vida
baseada apenas no consumismo. Na competente refilmagem de 2004,
MADRUGADA DOS
MORTOS, a metáfora canibalismo / consumismo perde um pouco de força
por ser tratada de forma mais discreta e com bem menos humor. E falando
na refilmagem, é bom deixar registrado que Ken Foree (Peter) e Tom
Savini (o líder da gangue de saqueadores e responsável pelas maquiagens
dos zumbis) nela fizeram pequenas pontas, em homenagem ao filme
original.
O
DVD
Há anos que
aguardava o lançamento no Brasil de DESPERTAR DOS MORTOS, em um DVD
decente. Quando soube que a Works, que produz DVDs Região 0
principalmente para serem vendidos em bancas de revistas, iria lançar o
filme, desanimei um pouco, já que normalmente seus extras são mínimos.
Mas pelo menos esperava que o filme tivesse uma qualidade técnica boa,
já que comprara anteriormente alguns filmes de horror da Hammer lançados
aqui pela distribuidora, e pelo menos eles tinham vídeo wide
anamórfico ou letterbox razoável. Infelizmente, logo este
revelou ser o DVD mais desleixado da Works: menus animados mas feios, a
já comentada falta de extras, som mono medíocre (na embalagem diz Dolby
2.0, mas só notei um canal de áudio) e imagem letterbox
1.85:1 com qualidade de VHS. E pior, a película utilizada para fazer a
master desta transferência tinha defeitos. Há cortes
visíveis, e em determinado momento a imagem chega a sumir, ficando
apenas uma legenda sobre uma tela em branco. O único consolo é que a
versão deste DVD é estendida (identificada como “do Diretor”), com cenas
que nunca havia visto. Estranhamente, porém, a metragem informada da
versão deste DVD não bate com nenhuma das versões estendidas disponíveis
lá fora.
OS EXTRAS
Não há
muito o que comentar. Para não dizer que não há extras, temos pequenos
textos sobre o diretor George Romero e com a sinopse do filme. Um
contraste gritante com edições deste filme em DVD disponíveis nas
Regiões 1 e 2. A Anchor Bay possuiu em catálogo nos EUA duas edições de
DAWN OF THE DEAD, sendo que a Ultimate Edition de quatro
(!) discos inclui as versões de cinema, estendida e européia do filme,
com vídeo anamórfico, áudio Dolby Digital e DTS 5.1 e um monte de
extras, que reproduzo abaixo só para me martirizar:
- U.S. theatrical version with audio commentary by director George A.
Romero and special effects creator Tom Savini and assistant director
Chris Romero, moderated by DVD producer Perry Martin;
- Extended version with audio commentary by producer Richard P.
Rubinstein, moderated by DVD producer Perry Martin;
- European version with audio commentary by actors David Emge, Ken
Foree, Scott H. Reiniger and Gaylen Ross;
- Poster and advertising gallery;
- Photo galleries;
- TV & Radio spots;
- Comic book review;
- Monroeville Mall Commercial;
- Behind-the-scenes photo gallery;
- Memorabilia gallery;
- Production stills;
- U.K. TV-Spots;
- International lobby card gallery;
- International poster and advertising gallery;
- International pressbook gallery;
- Home video and soundtrack artwork;
- "The Dead Will Walk", an all-new documentary featuring interviews with
cast and crew members Claudio Argento, Dario Argento, Pat Buba, Tony
Buba, Zilla Clinton, David Crawford, David Early, David Emge, Ken Foree,
Michael Gornick, John Harrison, Clayton Hill, Sharon Ceccatti-Hill, Jim
Krut, Leonard Lies, Scott H. Reiniger, Chris Romero, George A. Romero,
Gaylen Ross, Tom Savini, and Claudio Simonetti;
- Roy Frumkes' "Document Of The Dead" - The original documentary filmed
during the making of Dawn of the Dead by filmmaker Roy Frumkes;
-"On-Set Home Movies" with audio commentary from Zombie Extra Robert
Langer
- Monroeville Mall Tour with actor Ken Foree.
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