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O DIA EM QUE A
TERRA PAROU
Produção:
1951
Duração: 92 min.
Direção:
Robert Wise
Elenco: Michael
Rennie, Patricia Neal, Hugh Marlowe, Sam Jaffe, Billy Gray, Frances
Bavier, Lock Martin, H.V. Kaltenborn, Elmer Davis, Drew Pearson,
Gabriel Heatter
Vídeo: Pillarbox 1.33:1 (1080p/AVC MPEG-4)
Áudio: Inglês (DTS-HD Master Audio 5.1), Português, Espanhol
(DTS 5.1)
Legendas: Português, Inglês, Espanhol
Nº de discos: 1
Região: A, B, C
Distribuidora:
Fox
Lançamento: 14/01/2009 |
Cotações:
Filme -
Imagem:
Áudio:
Extras/Menus:
Média:
Comentários de
Jorge Saldanha |
SINOPSE
Uma
espaçonave de outro mundo, em forma de disco, pousa em pleno centro de
Washington, e dela sai o alienígena de forma humana Klaatu (Michael
Rennie), escoltado pelo enorme robô Gort (Lock Martin). Após Klaatu ser
alvejado por soldados, Gort neutraliza as forças militares que cercam a
nave e permanece imóvel, aguardando instruções. O alienígena, ferido, é
levado para um hospital e lá revela ser portador de uma importante
mensagem a ser transmitida, pessoalmente, a todos os líderes da Terra.
Desapontado ao saber que os líderes mundiais não estão dispostos a
colocar de lado suas disputas para ouvi-lo, ele foge do hospital e
mistura-se à população. Hospedado em uma pensão, Klaatu torna-se amigo
de Helen (Patricia Neal) e de seu filho Bobby (Billy Gray), e é através
do garoto que ele consegue entra em contato com um eminente cientista
(Sam Jaffe). Mas com o tempo se esgotando, ele é forçado a demonstrar
seus poderes superiores em uma exibição de escala mundial. Klaatu mais
uma vez é ferido pelo Exército, desta vez mortalmente, porém antes de
morrer transmite a Helen um importante comando a ser dado a Gort.
COMENTÁRIOS
O
DIA EM QUE A TERRA PAROU, de 1951, é um dos
maiores clássicos da ficção científica do cinema, que aqui no Brasil
inspirou até uma canção do Raul Seixas. Com roteiro de Edmund H. North (PATTON,
REBELDE OU HERÓI) baseado no conto
Farewell
to the Master,
de Harry Bates,
foi a primeira produção classe “A” no gênero de um grande estúdio,
iniciando a onda de filmes de ficção científica dos anos 1950. Também
foi um dos primeiros filmes de Robert Wise como diretor, que em sua
carreira nos trouxe musicais inesquecíveis como AMOR, SUBLIME AMOR
(1961) e A NOVIÇA REBELDE (1965), além de outras obras significativas da
ficção científica, como
O ENIGMA DE
ANDRÔMEDA (1971) e
JORNADA NAS ESTRELAS – O FILME
(1979).
A memorável trilha sonora do grande
Bernard Herrmann,
reutilizada na década seguinte pelo produtor/diretor Irwin Allen em
algumas das suas séries clássicas (PERDIDOS
NO ESPAÇO,
VIAGEM AO FUNDO DO MAR),
foi uma das primeiras a agregar à orquestra instrumentos
elétrico/eletrônicos - destacando o pioneiro Teremim. O então
desconhecido Michael Rennie - alto, magro e de rosto anguloso - foi a
escolha perfeita para interpretar o misterioso Klaatu, uma espécie de
Cristo alienígena que, somente após ser morto e ressuscitar, pôde
transmitir sua mensagem à humanidade. Sua imagem, ao lado do robô Gort e
à frente de seu disco voador, faz parte da cultura pop, sendo
reproduzida na capa de um disco do ex-Beatle Ringo Starr. O comando que
a apavorada Helen dá a Gort, “Klaatu Barada Nikto”, entrou para a
história do cinema e recebeu uma homenagem bem humorada de Sam Raimi em
seu UMA NOITE ALUCINANTE 3.
Fora tudo isso, ao rever
O DIA EM
QUE A TERRA PAROU quase 60 anos após seu
lançamento, é impressionante constatar como o filme continua atual pelas
questões que aborda. Para começar temos Klaatu, o representante de uma
raça mais avançada, criadora de uma espécie de polícia espacial, que vem
à Terra alertar que, caso continuemos a usar a energia nuclear para fins
bélicos, ameaçando a segurança planetária, seremos neutralizados à
força. É praticamente o mesmo recado que os EUA no governo Bush enviou
aos integrantes do “Eixo do Mal”. Além disso, substitua a “Guerra Fria”
e a ameaça soviética estampada no filme pela guerra ao terrorismo e a
ameaça islâmica para constatar que, infelizmente, não evoluímos quase
nada nestas últimas décadas. De qualquer modo, a mensagem trazida pelo
filme permanece, e quem sabe algum dia aqueles que usam o poder das
armas finalmente a ouvirão.
Por fim, vale ressaltar que
O DIA EM
QUE A TERRA PAROU foi mais um filme memorável
que recebeu (no final de 2008) uma desnecessária e medíocre refilmagem.
Estrelada por Keanu Reeves (uma má escolha, já que o tempo todo quem
vemos na tela é o Neo de
MATRIX, e não
Klaatu), ela não se decide entre as idéias e a ação típica dos filmes
catástrofe, onde o desarmamento virou um libelo ecológico que está longe
de possuir a força do original.
O BD
Este O
DIA EM QUE A TERRA PAROU é mais um Blu-ray simplesmente primoroso lançado no Brasil pela Fox,
substituindo com vantagens as versões anteriores do filme disponíveis em
DVD. É fácil perceber que não foram medidos esforços para
disponibilizar o filme em alta definição com a máxima qualidade,
respeitando suas características originais de produção. A transferência
em preto e branco remasterizada 1.33:1 1080p/AVC MPEG-4 foi feita com
base numa nova master de 35mm criada a partir dos elementos
originais, que em sua transposição para Blu-ray foi digitalmente
reparada e limpa da maior parte de imperfeições. Ainda assim uma certa
granulação e alguns defeitos permanecem, sem dúvida em virtude das
próprias limitações do material originalmente utilizado. Os níveis de
branco, preto e a escala de cinza são sólidos e polidos. O contraste é
excelente e, em que pesem alguns momentos onde percebemos o uso de
edge enhancement, de modo geral é uma ótima apresentação de um filme
com mais de meio século de idade. Deve ser ressaltado que, por ser um
filme em alta definição Fullscreen, para sua adequada
visualização em televisores 16x9 a Fox utilizou o formato Pillarbox,
e como resultado haverá tarjas pretas nas laterais da imagem.
O filme recebeu uma nova faixa de áudio lossless inglês, em
DTS-HD Master Audio 5.1, que respeita o sound design original.
Nesta nova e restaurada mixagem, a maior parte dos diálogos e efeitos
sonoros vêm do canal central, de forma sempre clara e não intrusiva. Os
demais canais frontais são usados com menor frequência, principalmente
para reproduzir com maior presença e fidelidade a trilha de Bernard
Herrmann. Os canais surround na maior parte do tempo replicam ou
direcionam de forma sutil o som frontal, de modo a tornar o som mais
envolvente. No que se refere à trilha musical, a mixagem realça os
graves que, combinados com o Teremim, ajudam a criar uma efetiva
atmosfera sinistra e ameaçadora. O áudio mono original em inglês também
foi restaurado digitalmente, porém não foi incluído em nosso BD. Uma boa
surpresa é a presença da nossa dublagem original dos anos 1960, remixada
para DTS 5.1 – que apesar de não ser uma faixa lossless possui
ótima qualidade, dada a idade do material. As legendas disponíveis são
português, espanhol e inglês, e os menus animados (principais e
pop-up) são dos melhores que já vi, destacando Gort e o disco voador
de Klaatu.
OS EXTRAS
Praticamente todos os extras do Blu-ray norte-americano estão
disponíveis na edição nacional da Fox (faltou apenas um vídeo com a
leitura do conto original de Harry Bates), e exceto pelos comentários em
áudio, eles possuem legendas em português.
O material disponível é extenso e de ótimo conteúdo, estando a maioria
em resolução 1080p (HD).
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Comentários em Áudio –
Temos duas ótimas faixas de comentários, e é uma pena que a
Fox não disponibilizou legendas em português para elas. A primeira
foi originalmente gravada por Robert Wise e Nicholas Meyer (este, o
diretor do ótimo UM SÉCULO EM 43 MINUTOS e de dois dos melhores
filmes de JORNADA NAS ESTRELAS) para o Laserdisc
norte-americano de 1995. Respondendo às perguntas de Meyer, Wise nos
dá valiosas informações sobre seu envolvimento no projeto, e sobre
praticamente todos os aspectos da produção (roteiro, elenco, o traje
do robô Gort, a trilha de Herrmann, etc.). A segunda, nova, traz os
experts em cinema e trilhas sonoras John Morgan, Steven
Smith, William Stromberg e Nick Redman, que participam de uma
animada discussão sobre o filme e a música de Bernard Herrmann;
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Trilha Sonora Isolada
– Este é mais um BD da Fox que traz este recurso inestimável para os
fãs de trilhas sonoras – a possibilidade de ouvir o score de
Bernard Herrmann isolado dos diálogos e efeitos sonoros, em DTS 5.1.
Para mim, só este bônus já justifica a aquisição do disco;
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O Comando de Gort!
Jogo
Interativo
(HD) – Simples mas divertido, é um jogo em que você, na pele
metálica de Gort, deve usar os comandos direcionais do controle
remoto ou do joystick do Playstation 3 para mirar e disparar
em soldados e policiais que o ameaçam. O nível de dificuldade vai
aumentando a cada nível;
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O
Misterioso e Melodioso Teremim
(HD,
5:40min.) – O músico Peter Pringle nos mostra a história do Teremin,
o instrumento que cria “sons de outro mundo” e que foi trazido às
trilhas sonoras por Miklos Rozsa e Bernard Herrmann. O Teremim que
ele utilizou em sua demonstração é o mesmo que foi ouvido nas
trilhas sonoras de mais de 40 filmes, incluindo este;
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O
Dia em que a Terra Parou: Apresentação ao Vivo de Peter Pringle
(HD,
2:17min.) – Outro featurette com Peter Pringle, desta vez ele
toca com seu Teremim o tema principal de O DIA EM QUE A TERRA PAROU.
Pelo nível de concentração demonstrado por Peter, tocar o
Teremim deve ser bem mais difícil do que parece;
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Teremim Interativo: Crie sua própria Trilha Sonora
(HD)
– Se você ficar inspirado pela performance de Peter, poderá
selecionar oito notas (de um segundo cada) para criar 30 segundos de
música de Teremim para acompanhar a cena onde Gort sai do disco
voador;
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O
“Making of” de O Dia em que a Terra Parou
(HD, 23:53min.) – Por ser um filme antigo, não espere neste
making of muitas entrevistas e cenas de bastidores. Ele possui
uma abordagem mais histórica, com ênfase nos conceitos e período que
levaram à realização do filme, e em seus produtores. Mas temos boas
curiosidades sobre a produção, como a de que os produtores queriam
Spencer Tracy para interpretar Klaatu e Robert Wise teve de lutar
para colocar no papel um desconhecido;
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Decodificando "Klaatu Barada Nikto": A Ficção Científica como
Metáfora
(HD,
16:14min.) – Uma retrospectiva do período conturbado em que o filme
foi feito – o início da Guerra Fria, ocasionado pelas crises da
Guerra da Coréia e a corrida armamentista com a União Soviética. A
tradução da frase clássica de Gort, ou pelo menos o que os
realizadores disseram que significa, aparece apenas nos minutos
finais;
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Uma
Breve História sobre Discos Voadores
(34:02, HD) – Documentário que faz um retrospecto das aparições de
discos voadores a partir dos anos 1940, e obviamente o famoso caso
Roswell ganha destaque. Interessante notar como a onda dos discos
voadores inspirou O DIA EM QUE A TERRA PAROU, assim como o filme
parece ter ditado um padrão para os contatos imediatos que se
seguiram;
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O
Fabuloso Harry Bates
(11:03, HD) – Featurette dedicado ao autor do conto que deu
origem ao filme. Bates, já falecido, dá seu testemunho através de
antigas gravações em áudio;
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Edmund North: O Homem que Fez a Terra Parar
(HD,
14:43min.) – Já este é dedicado ao roteirista North, que fez várias
alterações na história original de Bates;
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Corrida para o Esquecimento: Um Documentário de Edmund North
(SD, 26:52min.) – Documentário em curta-metragem dos anos 1970,
apresentado por Burt Lancaster, onde North desenvolve as idéias
pacifistas que introduzira em O DIA EM QUE A TERRA PAROU – que ainda
hoje, em vários aspectos, permanecem relevantes. A qualidade da
imagem, em 480p, é medíocre;
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Fox
Movietone News
(SD, 6:21 min.) – Cinejornal da Fox exibido na época do lançamento
do filme. Nele temos uma amostra da escalada da “Guerra Fria”, com
menções à ameaça da União Soviética e às primeiras incursões dos EUA
na Coréia do Norte. Também vemos cenas de uma convenção de ficção
científica, onde um sujeito fantasiado de Klaatu recebe um prêmio
concedido ao filme, e um concurso de beleza.
Vale pela curiosidade histórica;
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Trailers
– Temos o teaser do filme (480p, 1:04min.), o trailer de
cinema (480p, 2:09min.) e o trailer do remake de 2008 (1080p,
1:47min.). O trailer do filme original, com pouco mais de dois
minutos, estabeleceu um padrão exagerado para divulgar os filmes do
gênero, repleto de chamadas em texto do tipo “A mais fantástica
ameaça já concebida nas telas” (sobre o borrachudo Gort).
Divertido.
Completando o material suplementar, há sete galerias com uma extensa
quantidade de imagens. |