Hoje, é difícil de
avaliar o impacto e a repercussão gerados por O Exorcista, quando
de seu lançamento em 1973. Os meios religiosos e cinematográficos
ficaram estupefatos com a história (que teria sido baseada em uma
possessão demoníaca real ocorrida nos EUA) e as imagens chocantes
mostradas na tela, em muito ajudadas pelos efeitos de maquiagem, hoje um
tanto datados, elaborados pelo premiado Dick Smith. Ao final, a Igreja
Católica louvou a sua mensagem positiva, com a vitória de Deus sobre o
Demônio, e as platéias de todo o mundo lotaram as salas de exibição para
assistir a um dos filmes mais aterrorizantes do cinema, indicado para 10
Oscars (ganhou dois, de roteiro e de som), que até hoje mantém sua
capacidade de perturbar até mesmo aos mais estóicos espectadores.
Dirigido por William Friedkin, então um nome quente em Hollywood após a
consagração obtida com Operação França, e adaptado por William
Peter Blatty a partir de seu controvertido bestseller, O
Exorcista gerou uma série de imitações e filmes tendo o Diabo como
tema, e também ficou famoso pela “maldição” que teria acompanhado muitos
dos integrantes de sua equipe.Do elenco principal, apenas Ellen Burstyn
e Max Von Sydow mantiveram uma carreira de qualidade. O pior, sem
dúvida, foi reservado a Linda Blair, que ficou tão marcada por sua
personagem que nunca mais conseguiu arranjar um papel decente, sendo
condenada a penar, por toda a eternidade, em filmes de segunda. Foi,
até, exorcizada novamente (por Leslie Nielsen) no “besteirol” A
Repossuída.
Blair interpreta Regan, uma menina que vive com sua mãe (Burstyn) em
Washington. Ela passa a ter um comportamento estranho, o que leva a mãe
a pedir ajuda aos melhores psiquiatras do estado para descobrir o
problema da filha. Os médicos suspeitam de uma espécie rara de
esquizofrenia, mas aparentemente não há nada de errado com a saúde da
menina. O estado de Regan piora, e ela começa a sofrer convulsões
sobrenaturais e alterações na voz, tornando-se cada vez mais agressiva.
Os fenômenos progressivamente tornam-se mais bizarros (a menina começa a
levitar e girar a cabeça), e os próprios psiquiatras acabam recomendando
a realização de um exorcismo. Jason Miller e Max Von Sydow encarnam, à
perfeição, os dois padres que arriscam a sanidade e suas próprias vidas
no clássico ritual que é o ponto alto do filme. Apesar de avalizada pelo
diretor William Friedkin (dizem que com alguma relutância), esta nova
versão, que possui como subtítulo A Versão que Você Nunca Viu,
foi considerada por muitos apenas como uma jogada de marketing do
estúdio, a fim de faturar mais com um produto já muito explorado.
O fato é que o filme, quando de seu 25º aniversário, já havia recebido
um tratamento de luxo em DVD. Esta nova versão, além de acrescentar
referências e imagens subliminares do demônio, possui 11 minutos de
cenas inéditas, que incluem novos testes físicos aos quais Regan é
submetida; um diálogo após uma sessão de exorcismo, entre os padres
Karras (Miller) e Merrin (von Sydow), no qual Merrin afirma que Satã
quer fazê-los duvidar de sua fé (na versão original, a cena é breve e
muda); a famosa cena, incluída no documentário do DVD dos 25 anos, na
qual Regan desce a escada como uma aranha, cabeça virada e sangue
escorrendo da boca; e um novo final, no qual o padre Dyer (o reverendo
William O'Malley) encontra o tenente Kinderman (Lee J. Cobb) e os dois
tem uma conversa amigável sobre filmes, o que remete a uma conversa
anterior de Kinderman com Karras. Este final mais otimista foi
considerado por muitos um equívoco, que retirou a essência do
encerramento da versão original. Mas fãs e críticos foram unânimes em
elogiar o novo, remixado e remasterizado áudio do filme, agora mais
assustador do que nunca em Dolby Digital 5.1. Além dos efeitos sonoros
assustadores, a trilha sonora (na qual se destaca “Tubular Bells”, de
Mike Oldfield) ajuda a criar o clima perturbador da obra. Este novo DVD,
se comparado com o da edição de 25 anos, é discreto em matéria de
extras, já que inclui apenas
2 trailers de cinema, 4
comerciais de TV e 2 comerciais de rádio.
|