COLEÇÃO HITCHCOCK: PARTE
4 - UM BREVE DECLÍNIO E A VOLTA TRIUNFANTE
Direção:
Alfred Hitchcock
Distribuidora:
Universal
Região: 4
Comentários de
Luiz Felipe do Vale Tavares
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Nos anos 60, logo após o sucesso consecutivo de Psicose e Os
Pássaros, Hitchcock sofreu uma queda de popularidade com três filmes
insatisfatórios. O público foi apontado como o responsável, por estar
mais interessado em filmes violentos de ação, mas o problema residiu
mesmo em Hitchcock, que não soube acompanhar as mudanças de
comportamento da sociedade nos anos 60, preferindo se ater a filmes
antiquados. Felizmente Hitchcock, enfrentando a situação, voltou à velha
e boa forma nos seus dois últimos filmes, ambos muito bons.
Os
Pássaros (The Birds, 1963) - Esta foi a segunda investida de
Hithcock no campo do suspense com doses de terror; a primeira foi
Psicose, seu filme anterior. No filme, por motivos inexplicáveis, os
pássaros começam a atacar as pessoas em uma pequena cidade nos EUA,
criando pânico e destruição. O filme é apresentado em widescreen
anamórfico na proporção de 1.85:1. A imagem está muito boa e com cores
vivas, porém há excesso de granulação e artefatos digitais bem aparentes
em várias cenas. O som, presente no original em mono, é satisfatório.
Temos ótimos extras nessa edição. Um completo documentário de quase uma
hora e meia explica vários aspectos muito interessantes do filme, com
entrevistas dos alguns membros do elenco. Também há uma galeria de fotos
da produção, storyboards e o obrigatório trailer divertido
apresentado por Hitchcock.
Filme:    
Imagem:    
Som:   
Extras:    
Marnie,
Confissões de uma Ladra (Marnie, 1964)
- Marnie marcou o início de um pequeno
declínio na qualidade dos filmes de Hitchcock, que durou mais dois
filmes subseqüentes. Na verdade não é que esses filmes sejam ruins,
longe disso, mas são filmes inferiores aos melhores do mestre do
suspense. Sendo um filme de Hitchcock, há muita expectativa; por isso,
quando o filme não chega aos pés de suas grandes obras, é logo taxado de
inferior, mesmo sendo bom.
A história é sobre uma ladra, Marnie, que sofre uma compulsão em
realizar furtos. Sean Connery interpreta uma de suas vítimas, que tenta
ajudá-la a descobrir o porquê dessa compulsão, que pode ter origem em
algum trauma de infância. É pouca história para um filme que se arrasta
por 131 minutos, mas há algumas boas qualidades que seguram o interesse.
Outro lado negativo é o excessivo uso de backprojection nas cenas
em que os atores guiam carros, andam a cavalo etc. Nessa época a maioria
dos cineastas já haviam abandonado essa técnica de filmagem, por ser
muito artificial e distrair a atenção do público. Marnie é
apresentado em full screen e possui boa qualidade de imagem.
Interessante notar que nos EUA esse filme foi lançado em widescreen,
porém nos demais países a Universal optou pelo formato de tela-cheia. É
importante destacar que Marnie foi filmado originalmente em
tela-cheia, na proporção aproximada de 1.37:1; para exibição nos cinemas
foram acrescentadas as faixas pretas em cima e embaixo da imagem. É
difícil escolher qual o melhor formato para esse filme; a imagem
original em tela-cheia apresenta mais informações, porém o formato
widescreen proporciona a recriação da experiência de ver esse filme
no cinema.
Filme:   
Imagem:   
Som:   
Extras:    
Cortina
Rasgada (Torn Curtain, 1966) - Mediano filme de uma fase
fraca de Hitchcock. Trata sobre um cientista nuclear, Paul Newman, que
finge desertar dos EUA para trabalhar na Berlim Oriental, a fim de
tentar obter uma fórmula secreta de um míssil. Julie Andrews interpreta
a namorada de Newman, que se envolve nos eventos. Infelizmente o filme
nunca funciona muito bem, primeiramente porque um jovem Paul Newman não
convence como um famoso cientista nuclear americano. Além disso,
Hitchcock, que não gostava de filmar em locações, usou um exagerado
número de cenas gravadas em estúdio, com cenários muito artificiais e
teatrais. O resultado é um filme de visual muito falso, que distrai a
atenção da audiência. O filme é apresentado em widescreen
anamórfico na proporção de 1.85:1. Como todos os demais filmes de
Hitchcock lançados em DVD nos pacotes especiais, a imagem é boa, mas
insatisfatória. Há muita granulação e falta de nitidez em algumas cenas,
provavelmente porque foi utilizada uma película velha, porém em bom
estado. O som é apresentado no original em mono. Os extras incluem um
documentário sobre o filme, um vídeo sobre o rompimento de Hitchcock com
o compositor Bernard
Herrmann, galerias de fotos e o trailer original de cinema.
Interessante ressaltar que Cortina Rasgada foi o primeiro filme
de Hitchcock em anos cuja trilha sonora não foi composta por Herrmann.
Após o fracasso de Marnie perante o público e crítica, Hitchcock jogou
injustamente a culpa em Herrmann, alegando que a música era inapropriada
para o filme. Foi um erro fatal por parte de Hitchcock, pois os dois
filmes seguintes, Cortina Rasgada e Topázio, também foram
fracassos e pelo menos nem puderam contar com a música do genial
Herrmann. Na verdade, Herrmann chegou a compor uma trilha sonora para
Cortina Rasgada, mas foi descartada por Hitchcock. Felizmente alguns
trechos da trilha de Herrmann estão disponíveis nos extras do DVD.
Filme:   
Imagem:    
Som:   
Extras:    
Topázio
(Topaz, 1969) - Hitchcock, decepcionado com a fria recepção de
Marnie e Cortina Rasgada, resolveu arriscar em um filme de
espionagem, como o fez com absoluto sucesso no passado com Intriga
Internacional. Topázio é sobre uma cooperação entre dois
agentes secretos, um da CIA e outro da Interpol, que unem esforços para
desmascarar um grupo de traidores na França, envolvidos com a venda de
armas para Cuba. Não é um bom filme. A trama é confusa, há muitos
personagens e nenhum dos atores conquistam a simpatia do público. O
final abrupto e sem muitas explicações foi decorrência do pânico de
Hitchcock em não encontrar um final apropriado para o filme. O final
originalmente filmado mostrava um duelo de acerto de contas entre o
herói e o bandido. Em exibições teste para a audiência, o público
considerou ridículo um final tão fora de moda como um duelo entre
cavaleiros. Hitchcock filmou então um diferente final, onde um franco
atirador põe fim ao duelo antes de seu início. De novo a audiência teste
se mostrou insatisfeita com o resultado. Com a data de lançamento se
aproximando e sem tempo para bolar um final melhor, Hitchcock optou em
mostrar o suicídio do vilão da história, que dava um tiro em sua própria
cabeça ao ser desmascarado; entretanto, o ator não estava mais
disponível para gravar essa cena. Hithcock usou então uma cena já
gravada de outro ator entrando pela porta da casa e congelou em seguida
a imagem, ouvindo-se apenas o disparo do revolver. Felizmente os dois
finais descartados por Hichcock estão disponíveis nos extras do DVD para
alegria dos cinéfilos. Topázio é apresentado em full screen,
na proporção original de 1.33:1. A imagem é boa qualidade. Vale aqui
ressaltar que, assim como Marnie, nos EUA esse filme foi lançado
em widescreen, mas isso não quer dizer que a nossa edição tenha
imagem faltando nas laterais. Topázio foi filmado originalmente
em tela-cheia, sendo que posteriormente o filme era adaptado para o
formato widescreen para exibição nos cinemas. A nossa edição
corresponde ao modo original como Topázio foi filmado, enquanto
que a edição americana corresponde à forma como foi exibido nos cinemas.
Seria preferível termos a edição widescreen, mas a Universal
apenas a lançou nos EUA; todos os demais países receberam a edição em
tela-cheia. O áudio é apresentado no original em mono.
Filme:   
Imagem:    
Som:   
Extras:    
Frenesi
(Frenzy, 1972) - Após uma pequena fase com três filmes mais
fracos, Hitchcock retornou para a Inglaterra (após 20 anos), onde
dirigiu esse que foi seu último grande filme. Utilizando temas que
dominava, como a atuação de um serial killer e a acusação de um
inocente, Hitchcock voltou à boa forma. A história é sobre um assassino
sexual que estrangula mulheres com sua gravata. Ele gera pânico em
Londres e um inocente, que estava no lugar errado na hora errada, acaba
sendo acusado e foge para provar sua inocência. Hitchcock faz uso de um
genial humor negro, com destaque da cena em que o assassino tenta
retirar um broche da mão fechada de uma de suas vítimas já em fase de
rigor mortis, e outra em que a esposa do detetive lhe serve um
exótico e intragável jantar. Frenesi é apresentado em
widescreen anamórfico na proporção de 1.85:1. A imagem é boa, nada
de extraordinário, e proporciona uma apresentação agradável. O som,
original em mono, é mais do que suficiente para esse tipo de filme, que
se apóia principalmente em diálogos. Como extras temos um ótimo
documentário de 45 minutos, completo, com cenas dos bastidores; fotos
raras da produção e o obrigatório trailer divertido apresentado por
Hitchcock.
Filme:     
Imagem:    
Som:   
Extras:    
Trama
Macabra (Family Plot, 1976) - Divertido e despretensioso
filme de Hichcock, que conta a história de dois casais, um que rouba
jóias e outro que forja uma vidente para ganhar dinheiro fácil. Embora
começando o filme com as duas tramas paralelas, logo o caminho dos dois
casais irão se cruzar. Impera o bom humor por toda a duração do filme.
Trama Macabra é apresentado em widescreen anamórfico na
proporção aproximada de 1.85:1. A imagem é de qualidade razoável, porém
visivelmente envelhecida, com muita granulação e cores desbotadas. O
áudio é apresentado no original em mono. Nos extras temos um excelente
documentário sobre o último filme de Hitchcock, com interessantes
anedotas e cenas dos bastidores, onde vemos um Hitchcock já abatido pela
idade, porém com disposição de sobra para fazer o que mais lhe trazia
alegria, rodar um bom filme.
Filme:    
Imagem:   
Som:   
Extras:    
COLEÇÃO
HITCHCOCK: PARTE 1 - FASE INGLESA
COLEÇÃO
HITCHCOCK: PARTE 2 - FASE AMERICANA (O INÍCIO)
COLEÇÃO HITCHCOCK: PARTE 3 - FASE AMERICANA (A CONSAGRAÇÃO DE UM GRANDE
DIRETOR)
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