O FILME
No século 23, o
aposentado Capitão James T. Kirk (William Shatner) e dois de seus
antigos oficiais, Scotty e Chekov (James Doohan e Walter Koenig,
respectivamente), são convidados para a viagem inaugural da
Enterprise NCC-1701-B, a
primeira nave estelar da classe
Excelsior a levar este nome. Inconformado com a
aposentadoria, a presença da imprensa e a inexperiência do novo Capitão,
Kirk novamente entra em ação quando a
Enterprise recebe um pedido
de socorro de duas naves El Aurianas, aprisionadas por um poderoso feixe
de energia. Alguns dos passageiros das naves, incluindo um cientista
chamado Soran (Malcom McDowell) , são resgatados antes que elas sejam
destruídas. No entanto, Kirk aparentemente morre durante o salvamento.
Setenta e oito anos depois um outro Capitão da
Enterprise, Jean-Luc Picard
(Patrick Stewart), recebe notícias perturbadoras. Enquanto lida com
graves perdas pessoais, Picard e a
Enterprise-D rumam para um observatório no sistema Amargosa,
sob ataque de forças desconhecidas. Lá chegando descobrem que o único
sobrevivente é Soran, que pretende levar a cabo experiências relativas
ao feixe de energia (o Nexus), ocasionando a morte de milhões de
pessoas. Com a ajuda das irmãs klingon Lursa e B’Tor, Soran consegue
fugir, e na tentativa de impedi-lo Picard recebe a inesperada ajuda de
James Kirk, que havia sobrevivido no interior do Nexus.
Jornada nas Estrelas: Generations
foi a esperada estréia no cinema dos personagens da
Nova Geração, e havia uma
justificada expectativa de que o filme seria um sucesso. Foi dirigido
por um veterano da série de TV, o competente inglês David Carson, e teve
como diretor de fotografia o lendário John Alonzo, que possui no
currículo filmes como Chinatown.
O filme contou com um orçamento superior aos da maioria dos longas
anteriores da série, possibilitando a construção de grandes cenários e
filmagens em locações ambiciosas. Mesmo os conhecidos cenários, naves e
figurinos da série foram filmados por Alonzo de uma forma mais
sofisticada, fazendo com que o filme fosse ao mesmo tempo familiar aos
fãs, porém com a grandeza cinematográfica desejada. Alguma coisa, porém,
deu errado... num nível estritamente pessoal (há quem goste), não gostei
de Malcolm McDowell como o vilão Soran, pior do que ele como vilão só
mesmo as duas chatas irmãs klingon peitudas, que funcionam apenas quando
há algum humor em suas falas. E o roteiro de Ronald Moore e Brannon
Braga, apesar de possuir tons emotivos e sofisticados ao tratar de
perdas, escolhas pessoais e do envelhecimento, derrapa feio em alguns
aspectos importantes (Atenção: SPOILERS à frente!). Primeiramente, acho
que haveria personagens recorrentes da série mais interessantes para
levar ao cinema do que as duas klingons, e fazer delas e sua Ave de
Rapina as responsáveis pela destruição da
Enterprise-D acaba sendo um
ultraje. Muito melhor se em seu lugar tivéssemos tido os romulanos, uma
raça pouquíssimo (e mal) explorada no cinema. Também, as tentativas de
fazer humor, com o andróide Data (Brent Spiner) aprendendo a lidar com
seu chip de emoções, rende no máximo algumas piadas
constrangedoras. Mas o pior vem depois: a morte de James T. Kirk é
simplesmente imbecil. Seria de esperar que o bravo Capitão fosse morrer
comandando a Enterprise
em batalha, ou até mesmo fazendo sexo com três escravas verdes de Orion
(qualquer das duas mortes faria justiça à sua fama), mas não. O produtor
Rick Berman, que se sabe, não morre de amores pela Série Original de
Jornada nas Estrelas, tinha
que arranjar um jeito de humilhar este personagem icônico. Após um
"confronto da meia-idade" com Soran no planetinha inóspito, ele cai de
uma ponte... ou melhor dizendo, a ponte cai e leva ele junto. E isso que
o final original, incluído nos extras, era ainda mais indigno (fim dos
SPOILERS). Como resultado, muita gente torceu o nariz para o filme, e o
fez com justiça. A impressão que fica é que Berman, receoso que os
personagens da Nova Geração
não segurassem sozinhos o filme, deu um jeito de colocar Kirk no filme
só para, ao final, descartá-lo apressadamente.
O DVD
Esta edição especial
dupla está no nível das anteriores de
Jornada nas Estrelas, e
indiscutivelmente é superior ao DVD simples anteriormente lançado, com o
filme em letterbox. Pela
primeira vez Generations
surge em DVD no seu formato original
widescreen anamórfico
2.35:1, com cores vivas e acuradas, ótimo contraste e níveis de preto
sólidos. No entanto, assistida em uma televisão de grande porte, esta
nova transferência parece artificial, digitalizada, com sinais de
edge-enhancement. Já no
quesito áudio, o único idioma disponível é o inglês, porém em Dolby
Digital 5.1 e DTS 5.1. Ambas as faixas, com alguma vantagem para o som
DTS, são ótimas. Nos momentos lentos o áudio é sutil e ambiente, já nas
seqüências de ação os efeitos
surround são direcionais e imersivos, com um expressivo
reforço dos sons graves vindos do
subwoofer. As legendas estão disponíveis em português, inglês
e espanhol. Os menus animados, como sempre em computação gráfica,
reproduzem momentos do filme. No disco 1, temos a
Enterprise-B aproximando-se
do Nexus, no disco 2 somos colocados dentro da sala de Cartografia
Estelar da Enterprise-D.
OS EXTRAS
Em termos de extras,
este é mais um DVD da Paramount que mantém a distribuidora como um
exemplo a ser seguido, em material bônus. São muitos extras, e todos
eles legendados – inclusive os comentários. Vejamos:
Disco 1
Comentário de áudio com os
roteiristas Ronald Moore e Brannon Braga – ambos escreveram
vários episódios da série Jornada nas
Estrelas – A Nova Geração, e contam como desenvolveram o
roteiro deste filme, além de lembrarem fatos sobre sua produção;
Comentários em texto de Michael e Denise Okuda
– os co-autores da Enciclopédia de
Jornada nas Estrelas fornecem, durante o filme, muitas
informações e curiosidades.
Disco 2
Este disco concentra o mesmo tipo de
featurettes de bastidores
disponíveis nas edições especiais anteriores de
Jornada nas Estrelas, produzidos sob a supervisão de Donald
Beck. A vantagem é que, desta vez, temos muitas cenas de bastidores e
entrevistas gravadas durante as filmagens, que via de regra contém
informações de fato úteis sobre a produção. Todos os extras são em
fullframe (exceto quando
informado em contrário), com áudio Dolby 2.0 e estão divididos nas
seguintes seções:
Análise das Cenas – são
três featurettes onde
damos uma olhada na criação de três seqüências específicas, a da
abertura (3 min.), a faixa de energia Nexus (7 min.), e a queda da
seção-disco da Enterprise-D
(5 min,);
Efeitos Visuais
– dois featurettes, o
primeiro mostra principalmente como o modelo da
Enterprise-D foi restaurado
e filmado (10 min.), e o outro detalha a logística por trás da filmagem
da queda do modelo da seção-disco em um cenário miniatura (11 min.);
O
Universo de Jornada nas Estrelas
– esta seção contém os melhores
featurettes do pacote: um merecido tributo ao desenhista de
produção da Série Original de Jornada
nas Estrelas, Matt Jeffries (20 min.), a história do
design das várias naves
Enterprise (13 min.), uma
interessante olhada no álbum de fotos de família de Picard (7 minutos),
e uma entrevista com Gil Hibben, o criador oficial das armas klingon (14
minutos);
Arquivos
– esta seção inclui uma galeria com fotos de produção e publicitárias, e
outra com storyboards
para três cenas do filme, todas estas imagens em
widescreen anamórfico;
Produção
– outros três featurettes
: Unindo Duas Lendas (26
min.), Cartografia Estelar: Criando
a Ilusão (9 min.) e
Mundos Novos e Estranhos: O Vale do Fogo (23 min.), centrados
nas filmagens em cenários e locações, e incluem muitas entrevistas com
membros do elenco e equipe (incluindo William Shatner e Patrick Stewart);
Cenas Inéditas
– são quatro cenas que ficaram fora da montagem final, incluindo a do
famoso orbital skydiving
de Kirk na abertura do filme, e o clímax original com Kirk, Picard e
Soran. São elas Mergulhando na Órbita (6 min.),
Andando na Prancha (2 min.),
Natal com a Família Picard
(11 min.) e Final Alternativo
(14 min.), que podem ser assistidas em conjunto ou isoladamente. Rick
Berman tece alguns comentários sobre cada uma delas. Infelizmente, a
qualidade do vídeo destas cenas é irregular.
Estranhamente, no meio de tantos extras não encontramos os mais básicos
deles, os trailers de cinema. |