A SÉRIE
Após décadas de conflito, finalmente ocorre uma trégua na guerra entre
os humanos das 12 Colônias e as criaturas mecânicas conhecidas como
Cylons. Porém, pouco antes da assinatura de um acordo de paz, os seres
cibernéticos desativam os sistemas de defesa das colônias e lançam um
ataque maciço, com a finalidade aparente de extinguir a raça humana.
Galactica, a última astronave de combate restante, comandada pelo
experiente e perspicaz Adama (Edward James Olmos), lidera uma frota de naves civis que,
caçada pelos Cylons, parte rumo à
esquecida 13ª Colônia: a Terra. O Comandante Adama e sua tripulação
enfrentam situações-limite, tendo Cylons com aparência humana
infiltrados entre a população. A fim de superar as dificuldades Adama
tem que tomar difíceis decisões, muitas vezes em confronto com a
Presidente Roslin (Mary McDonnell).
A série original de Battlestar Galactica, lançada em 1978 (e que
saiu em DVD no exterior em 2003, a resenha do box-set você também
conferir AQUI)
teve grande repercussão, já que foi uma das primeiras produções a
aproveitar o filão aberto por
Star Wars,
tendo inclusive alguns episódios adaptados para serem exibidos no
cinema, na forma de dois longas-metragens. Em 1980 a Universal chegou a
produzir uma continuação, Galactica 1980, que de tão ruim hoje é
solenemente ignorada, como se nunca tivesse existido. Nas duas décadas
seguintes, tanto o criador da série, Glen A. Larson, como o ator Richard
Hatch (que na série interpretava o Capitão Apollo) tentaram trazer
Galactica de volta, seja no cinema ou na TV. Mas foi somente em 2003
que isso ocorreu, e graças não a eles, mas sim ao produtor/roteirista
veterano de Jornada nas Estrelas, Ronald B. Moore, que idealizou uma
nova minissérie em quatro episódios, para ser exibida pelo
Sci-Fi Channel da Universal. No elenco, os nomes mais conhecidos são
do veterano Edward James Olmos e Mary McDonnel, que chegou a ser indicada ao Oscar por sua atuação em
Dança com Lobos. Mas quem rouba a cena são James Callis (Gaius
Baltar) e a bela Tricia Helfer (Número 6), que proporcionam algumas
cenas picantes e os raros momentos de humor da trama. Com Glen Larson
creditado apenas como "Consultor Executivo" e possuindo bons valores de
produção e efeitos visuais de primeira linha, a Galactica de
Moore possui na essência a mesma trama da série original, porém com
importantes mudanças conceituais: por exemplo, os personagens Starbuck e
Boomer, que eram homens, na nova versão foram transformados em mulheres;
os Cylons, que na primeira versão eram robôs alienígenas, agora foram criados
pelos humanos, e alguns, idênticos a nós, estão infiltrados na frota;
apesar de haver perseguições e combates espaciais, as histórias,
repletas de reviravoltas, agora buscam
acentuar, na medida do possível dentro do conceito de space opera
apresentado, o drama e o realismo. O que se destaca no desenrolar da série é a
discussão da condição humana, usando para isso o clássico confronto
Homem vs. Máquina, um tema caro à ficção científica. Os episódios
levantam questões que misturam moralidade, política, religião e luta
pela sobrevivência.
O erotismo, algo inexistente
no original, colabora para tornar esta nova Galactica, em forma e
conteúdo, num produto bem mais adulto que sua antiga versão, e que a coloca
fora do padrão há anos estabelecido na TV por
Jornada nas Estrelas
e outras séries similares. A
recepção positiva da minissérie repetiu-se com os 13
episódios da primeira temporada, fazendo com que a série fosse aclamada
pelo público e pela crítica. No Brasil a série já foi exibida até sua
segunda temporada pelo canal pago TNT, e em setembro estréia nos EUA a
terceira.
O DVD
Para os
fãs de boas séries de TV, e de ficção científica em particular, o
lançamento da primeira temporada de Battlestar Galactica no
Brasil, num box com cinco DVDs, teria tudo para ser comemorado.
Mas infelizmente a Universal fez mais uma trapalhada e acabou
disponibilizando no mercado brasileiro um lançamento tosco, típico de
Terceiro Mundo. A embalagem repete o padrão de vários outros lançamentos
do gênero - digistak, com uma luva de cartolina por fora. O
problema são as informações equivocadas que ela traz, como 775 min. de
duração ao invés dos efetivos 751 min., e extras que, na maioria, não
estão no box. Além disso, a embalagem omite por completo o
conteúdo do disco 1 (apenas lista os episódios dos outros discos), que
traz a minissérie-piloto na forma de um longa-metragem de 182 minutos, que foi lançado
aqui ano
passado num DVD à parte. Na verdade este é exatamente aquele mesmo disco: os feios menus estáticos em inglês, as
especificações (vídeo widescreen anamórfico 1.77:1, áudio DD 5.1
em inglês e japonês, etc.) e o material suplementar (o documentário
The Lowdown), é tudo igual. O único trabalho da distribuidora foi
mudar o rótulo do DVD, para deixá-lo igual aos outros da caixa.
A imagem é por
vezes granulada, com cores esmaecidas, mas acredito que seja assim por
opção criativa. A série busca ter um visual documental, estilo
“cinema-verdade” – tanto que, nas cenas de combate espacial, a imagem
por vezes perde o foco ou fica tremida, como se o cinegrafista estivesse
registrando tudo ao vivo. Quanto ao áudio 5.1, o
canal de graves é freqüentemente acionado, a música, bem distribuída, e
os diálogos são na maior parte das vezes bem claros. Os efeitos
surround não são espetaculares, mas colaboram para criar
uma ambientação sonora realista, à altura dos visuais. Temos legendas em
português, inglês, espanhol e japonês.
Mas passando para os quatro discos restantes, temos algumas
desagradáveis surpresas: os menus, que na versão original eram widescreen,
são animados, porém foram "esticados" e ficaram
full. Mas o pior é que os próprios episódios estão em formato
full frame, com uma óbvia qualidade inferior de imagem, e o áudio em
inglês e português é apenas Dolby 2.0. O revoltante é que toda a série
foi filmada e é exibida em widescreen, tanto que os DVDs lançados
no exterior (inclusive na Austrália, que também é Região 4) trazem os
episódios neste formato, e com áudio 5.1. O que parece é que a Universal
fez uma nova autoração dos discos 2 a 4 só para o nosso mercado (quanta
consideração), com transferências full frame dos episódios e
eliminando, além do áudio multicanal, as faixas de comentários e demais
extras. Fica difícil de compreender o porquê de tal atitude, já que
provavelmente foi mais caro fazer assim do que simplesmente utilizar os
mesmos DVDs lançados no exterior e adicionar neles legendas e dublagens
em português. Seja como for, a Universal deliberadamente mutilou o
lançamento, fazendo dele um verdadeiro "samba do crioulo doido" que não
agrada a ninguém: quem quiser ver o piloto com a dublagem em português
não poderá fazê-lo, porque ela está disponível apenas nos demais
episódios (em compensação, terá uma dispensável dublagem
em japonês!); quem tem um televisor 4:3 verá, na minissérie, as
tradicionais tarjas pretas acima e abaixo da imagem; quem possui
televisores wide será duplamente prejudicado, porque além dos
óbvios cortes laterais na imagem dos episódios full, ao ajustar a
imagem para preencher toda a tela terá perda ainda maior de imagem – e,
obviamente, de qualidade; por fim, o áudio 2.0 dos episódios não se
compara ao áudio multicanal do disco 1, e pior: há episódios em que a
separação de canais é quase imperceptível. Em suma, ao lançar um box
com menus e especificações de vídeo e áudio diferentes, a Universal
consegue apenas desagradar a todos. Se este fosse um país
onde houvesse respeito ao consumidor, a distribuidora recolheria os boxes por vício de conteúdo e restituiria os valores
pagos pelos consumidores lesados. Aliás, valores caros demais: não se
justifica cobrar na média R$ 150,00 por um box de apenas cinco
DVDs, que ainda por cima não traz todo o conteúdo que anuncia (e o que
traz, ainda por cima tem problemas). Mas o máximo que ela fez foi enviar
uma nota a alguns dos sites que vendem o box, informando
que o primeiro lote saiu com informações erradas na embalagem. No fim
tudo vai ficar do jeito que está, e a Universal reembolsará apenas
aqueles poucos que tiverem ânimo e paciência para entrar na Justiça. Os
outros ficarão na esperança de que pelo menos a segunda temporada da
série respeite seu formato original, e que a distribuidora passe a ter
um controle de qualidade à altura da importância do seu nome.
OS EXTRAS
Como
material bônus temos, no disco 1, o bom documentário de 40
minutos Battlestar Galactica: The Lowdown, com depoimentos de Moore, do elenco e membros da equipe e com várias cenas da versão
original e da nova minissérie, e uma chamada dos estúdios Universal de
Tóquio, com áudio – e legendas – em japonês. Mas pelo
que consta na embalagem do box, esta primeira temporada de
Battlestar Galactica deveria também trazer como extras:
Comentários de Áudio com o diretor Michael Rymer e os produtores
executivos David Eick e Ronald B. Moore, Esboços de Arte, Cenas
Deletadas, Um Olhar Especial na Série Battlestar Galactica e
Filmagens de Bastidores. Este material de fato integra o box
lançado na Região 1, porém não se encontra nada disso aqui.
Posteriormente li que a Universal, por um erro de fabricação, teria
deixado de fora este material, no entanto, isso se justificaria se todos
os extras estivessem reunidos num só disco que tivesse sido omitido. Mas
não é o caso, por exemplo, dos comentários de áudio, que deveriam
acompanhar cada episódio.
MENUS
Os menus do disco da minissérie-piloto são diferentes dos que estão nos discos de
episódios: são vermelhos, estáticos e não foram traduzidos para o
português.
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