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AMOR EM JOGO (Fever
Pitch, EUA, 2005)
Gênero: Comédia
Duração: 103 min.
Elenco: Drew Barrymore, Jimmy Fallon, Jason Spevack, Jack Kehler,
Scott Severance, Jessamy Finet, Maureen Keiller, Lenny Clarke
Compositor: Craig Armstrong
Roteiristas: Nick Hornby, Lowell Ganz, Babaloo Mandel
Diretores: Bobby Farrelly, Peter Farrelly
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Comportados
Nova comédia dos irmãos
Farrelly mostra que, definitivamente, eles estão deixando de lado o humor
politicamente incorreto
Os irmãos Farrelly estão ficando cada vez mais
certinhos, e isso se nota desde O AMOR É CEGO (2001). Não há nada de errado com
isso, mas para aqueles que eram considerados os reis do politicamente incorreto,
não deixa de ser uma mudança estranha. O fato de AMOR EM JOGO (2005) ser um
filme de encomenda ajuda um pouco a entender isso. A idéia dos Farrelly na
direção partiu de Drew Barrymore, outra ex-rebelde e chutadora de balde na
adolescência que virou mulher de negócios e moça de família.
Ainda que seja uma obra de encomenda, AMOR EM JOGO tem momentos tipicamente
farrellianos, como a seqüência em que Jimmy Fallon vai ao apartamento de Drew e
a encontra doente e vomitando. O cachorro come o vômito dela, mas nada disso é
mostrado. Não sei se dá para considerá-la como uma cena escatológica. Há também
momentos de humor físico dos bons, como a cena da bola de beisebol arremessada
na cabeça de Drew. Porém, o tom geral do filme é mesmo de comédia romântica
tradicional.
No filme, Jimmy Fallon é um professor de matemática fanático pelo Red Sox,
time de beisebol de Boston, que se apaixona por uma executiva (Drew Barrymore).
A relação vai bem, mas ele teme que tudo vá por água abaixo quando começar a
nova temporada de beisebol e ela perceber o quanto ele é entusiasmado pelo time
(essa foi a razão do fim de muitos namoros). O Red Sox é um time famoso
por não ganhar um campeonato desde o início do século, e o fato dele ser um time
de perdedores me despertou uma certa simpatia. Ainda mais porque os seus
torcedores nunca perdem a esperança de ver o seu time ganhar um dia. Assim a
vitória é mais saborosa.
Apesar de eu não gostar de nenhum esporte - só gosto de futebol e de quatro em
quatro anos - e de não entender o que leva uma pessoa a se identificar com a
camiseta de um time e adorá-lo irracionalmente, ainda assim me identifiquei com
o personagem de Jimmy Fallon. Afinal, eu também tenho uma obsessão, que é o
cinema. E muitas vezes eu já me perguntei o quanto isso pode estar atrapalhando
a minha vida sentimental. Inclusive, se um dia uma mulher me botar contra a
parede, me fazendo escolher entre ela e o cinema, acho que eu fico com o cinema.
A não ser que eu esteja muito apaixonado a ponto de me deixar levar pelas
decisões dela. Mas será que eu conseguiria ser feliz? São perguntas que eu às
vezes me faço.
Os momentos finais do filme são emocionantes, quase me levam às lágrimas.
Lembrando que eu fui um dos que choraram na cena dos garotinhos com câncer de O
AMOR É CEGO. Acho que no fundo os Farrelly são uns românticos incorrigíveis e
isso pode ser notado desde, pelo menos, QUEM VAI FICAR COM MARY? (1998). Há
outra seqüência de arrepiar, que é quando toca no estádio "Sweet Caroline", de
Neil Diamond, e a platéia canta em uníssono. Há também um momento mais
intimista, ao som da linda "Northern Star", do Nick Drake.
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