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CAPOTE (Capote,
EUA, Canadá, 2005)
Gênero: Drama
Duração: 98 min.
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Clifton Collins
Jr., Chris Cooper, Bruce Greenwood, Bob Balaban, Amy Ryan, Mark Pellegrino
Compositor: Mychael Danna
Roteiristas: Dan Futterman, Gerald Clarke
Diretor: Bennett Miller
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Retrato do escritor
Filme do diretor Bennett Miller é uma
visão quase didática sobre a criação da obra maior do escritor Truman Capote,
interpretado com brilhantismo por Philip Seymour Hoffman
No fim de semana de Carnaval
chegou aos cinemas do Brasil o último dos cinco indicados à categoria de melhor
filme do Oscar 2006. CAPOTE (2005) superou as minhas expectativas. Achei que se
tratasse apenas de um "filme de ator". E o que seria pior: um filme chato. Longe
disso, o filme mantém o interesse até o final, além de trazer uma interpretação
brilhante de Philip Seymour Hoffman, que em breve poderá ser visto como vilão em
MISSÃO IMPOSSÍVEL 3, de J.J. Abrams.
CAPOTE, do estreante no cinema de ficção Bennett Miller, também funciona como um
filme quase didático sobre Truman Capote e, principalmente, sobre a composição
de uma importante obra literária sua: "A Sangue Frio", livro de não-ficção
narrado com a beleza das obras de ficção. O livro aborda o genocídio de quatro
pessoas no Kansas. Capote se envolveu de tal maneira com o crime, que dizem até
que ele se apaixonou por um dos criminosos, condenados à pena de morte. O filme
nos dá o benefício da dúvida no que se refere a esse detalhe.
Na verdade, CAPOTE é até bastante discreto na descrição da vida privada do
escritor. Ele morava com um outro homem, mas em nenhum momento o filme mostra os
dois em momento de maior intimidade física. E isso é bom para o filme, que foca
principalmente na problemática do livro e nos sentimentos contraditórios do
escritor. Por um lado, ele quer que os condenados sejam logo enforcados para que
ele possa terminar o seu livro; por outro, a morte daquele homem também lhe
trará enorme sofrimento.
Confesso que no começo eu não estava gostando muito da interpretação de Hoffman.
Sua afetação estava prejudicando até o meu acompanhamento da história. Eu não
conseguia prestar atenção em outra coisa que não fossem os seus trejeitos, sua "bichice".
Mas depois eu fui me acostumando. E, além do mais, dizem que o verdadeiro Capote
era assim mesmo. Hoffman capricha até nos tiques nervosos no nariz. Mas o grande
momento dele é mesmo na cena perto do final, na última vez em que ele vai falar
com o assassino. É daqueles momentos mágicos onde todos no cinema quase param de
respirar. Um momento de suspensão do mundo real.
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