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UM CARA QUASE PERFEITO
(Man About Town, EUA, 2006)
Gênero:
Comédia
Duração:
96 min.
Elenco:
Ben Affleck, Rebecca Romijn, John Cleese, Samuel Ball, Mike Binder,
Erica Cerra, Gina Gershon, Adam Goldberg, Howard Hesseman, Bai Ling, Jerry
O'Connell, Kal Penn, Amber Valetta
Compositor:
Larry Groupé
Roteirista:
Mike Binder
Diretor:
Mike Binder |
Filme quase perfeito
Comédia com
tom de drama - ou vice e versa - surpreende e mostra que o desempenho de Ben
Affleck, premiado em Veneza, não foi um caso isolado
Se UM CARA QUASE PERFEITO
(2006) desagrada boa parte da audiência, isso é culpa da maneira como o filme
foi vendido. A começar por essa mania que os "tradutores" - ou seja lá quem seja
- têm de colocar esse "quase perfeito" nos títulos dos filmes. Até para aqueles
que já esperam um drama ou uma comédia dramática, o filme de Mike Binder
surpreende. É uma obra estranha em muitos sentidos. Não uma estranheza à Wes
Anderson, embora a cena do velho dentro do aquário até possa remeter a Anderson,
mas uma estranheza ligada à própria trama.
No filme, Ben Affleck é um empresário de talentos de Hollywood que passa por um
momento de crise existencial. Ele busca sentido para a sua vida e resolve entrar
num curso de auto-ajuda. O método que o orientador (John Cleese, muito bom)
utiliza é o de se escrever um diário. Olha aí uma dica pra quem está sentindo
aquele vazio e está querendo economizar grana. Em vez de procurar um desses
cursos picaretas que servem mais para comer o dinheiro do povo, uma boa
alternativa é escrever um blog, coisa que, aliás, muita gente já está
fazendo.
Pois bem. Aparentemente, o personagem de Ben Affleck não tem do que reclamar, já
que ele tem a vida que muita gente pediu a Deus - com muito dinheiro no banco,
uma mansão, um carrão de luxo e uma belíssima esposa (Rebecca Romijn, mais linda
do que nunca). Quando ele achava que sua vida estava sem graça, começam a
aparecer desgraças. A mulher confessa tê-lo traído, sua casa é invadida, ele é
espancado e seu diário (contendo informações confidenciais) é roubado.
Interessante que a chave utilizada por Binder nessa primeira metade do filme é a
de um drama com poucos toques cômicos. As lembranças de infância do personagem
de Aflleck são bastante fortes, incômodas e até violentas. Mas foi esse tom
quase melodramático que me conquistou. Especialmente no auge da crise do
personagem, quando toca a bela "Cucurucucu Paloma", que já havia sido cantada
por Caetano Veloso na obra-prima FALE COM ELA, do Almodóvar. Claro que nem tudo
é perfeito, mas o filme me deixou uma ótima impressão. Mike Binder mostrou
criatividade utilizando uma edição muito interessante, tirando proveito de
efeitos especiais e do efeito de tela divida. O papel de coadjuvante de Binder
nesse filme é bem parecido com o que ele fez em A OUTRA FACE DA RAIVA (2005),
seu filme anterior. Ele faz novamente um amigo fiel, sempre pronto pra ajudar o
companheiro nas horas difíceis.
Quanto a Ben Affleck, quando ele ganhou o prêmio de melhor ator em Veneza por
HOLLYWOODLAND (2006) todo mundo ficou admirado. Depois de UM CARA QUASE
PERFEITO, eu até que não fico mais.
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