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WING
COMMANDER
Música
composta por Kevin Kiner, David
Arnold - (Sonic Images 8905)/17 faixas/Duração: 37:41/Cotação:
***-
Enquanto Wing Commander, O Filme, ruma célere para o esquecimento
(justo ou não, esse já é outro papo), o CD encontrou
seu público. A trilha é definida como tendo "tema de David
Arnold, e score de Kevin Kiner", porém quem apreciou a música
de Independence Day e Godzilla, poderia jurar que a trilha
foi integralmente composta por Arnold. Kevin Kiner é mais conhecido
por sua colaboração com Arnold na fracassada série
de TV O Visitante, e com base no belo tema do colega, criou
um trabalho com ênfase nos metais e percussão, deixando pouco
espaço para o lirismo. O majestoso tema de abertura, sem dúvida um
destaque na curta, porém já expressiva carreira de Arnold, é ouvido enquanto
acompanhamos uma rápida recapitulação (apenas em áudio) dos eventos que
levaram a humanidade a pontos longínquos da galáxia, e ao seu inevitável
confronto com os alienígenas Kilrathi. O filme em si é uma, por vezes, mal
costurada mistura de filmes da 2º Guerra Mundial e de ficção-científica, na
qual não falta o herói novato e incompreendido (que aqui, possui um dom
equivalente à "Força" de Star Wars), a oficial durona que
acaba sucumbindo aos seus encantos, e o companheiro irresponsável, mas que
também é capaz de praticar atos heróicos. Como se vê, uma coleção de
clichês, mas que rendeu um visual único (as naves assemelham-se a submarinos e porta-aviões, e os caças parecem feitos de sobras de antigos aviões
da 2º Guerra) e um painel inspirador para os compositores. A trilha é orquestrada e regida por
Nicholas Dodd, habitual colaborador de Arnold, sendo ideal para os fãs
do grande - e alto - som orquestral. Jorge
Saldanha
THE
OSTERMAN WEEKEND
Música
composta por Lalo
Schifrin (Aleph 010)
***- Schifrin foi indicado
pelo amigo Don Siegel para compor a trilha de Meu Ódio Será
a Sua Herança (The Wild Bunch, 1969), o magistral western
que consagrou o diretor Sam Peckinpah, falecido em 1984. O escolhido, contudo,
foi o também já falecido Jerry Fielding. Ironicamente, Schifrin
acabou criando a música para o último filme de Peckinpah,
O
Casal Osterman (The Osterman Weekend, 1982). Apesar de não ser
um dos títulos mais destacados na filmografia de Peckinpah,
Osterman
é muito superior à média dos filmes americanos de
suspense/ação produzidos atualmente. O excelente elenco é
composto por Burt Lançaster, John Hurt, Dennis Hopper, Rutger Hauer,
Meg Foster, Chris Sarandon, Craig T. Nelson e Helen Shaver, e a trama é
valorizada pela fusão jazz/funk celebrizada por Schifrin nos anos
60/70, devidamente reciclada para os anos 80. Os solos de saxofone são
de Ernie Watts, com o próprio Schifrin nos teclados. Este CD foi
lançado pelo próprio selo de Schifrin, aparentemente utilizando-se
de fitas mantidas pelo compositor. Infelizmente, as fitas não estavam
perfeitamente conservadas, e no CD percebemos claramente alguma distorção,
especialmente nos tons mais graves e agudos. Mesmo assim, esta trilha não
deverá faltar na coleção dos fãs de Peckinpah
e Schifrin. JS
BATTLE
OF BRITAIN
Música
composta por Ron Goodwin, William Walton (Ryko 10747)***
- Os filmes de guerra já originaram um punhado de clássicos
de cinema, e igualmente algumas trilhas memoráveis. A Batalha
da Grã-Bretanha (Battle of Britain, 1969), dirigido por Guy
Hamilton, é até hoje o melhor filme de combate aéreo
já filmado. Para tanto, muito colaborou a espetacular fotografia
em Technicolor e Panavision, e a utilização, na maioria das
cenas, de caças e bombardeiros reais da 2ª Guerra Mundial.
A partitura foi originalmente composta por "Sir" William Walton, músico
habitual dos filmes dirigidos por Laurence Olivier. No entanto, a pouca
duração do material levou à contratação
do compositor Ron Goodwin, que ao final compôs uma trilha completamente
diferente e utilizada em 99% do filme. Este novo e exemplar CD da Rykodisc
contém, além da trilha integral de Goodwin, as gravações
restauradas do
score de Walton. Deste, foi utilizada no filme a
climática "Battle in The Air", um verdadeiro balé aéreo
que acompanha o confronto final entre a RAF e a Luftwaffe, e está
presente no CD em duas versões: a que foi utilizada, em uma gravação
regida por Malcom Arnold, e a gravação original de Walton.
Apesar de não possuir temas que marcaram época, como Os
Canhões de Navarone (Dimitri Tiomkin) e A Ponte do Rio Kwai
(Malcom Arnold), Battle of Britain é repleto de grandes momentos
musicais, como o "Battle of Britain Theme" e a já citada "Battle
in The Air".
JS
THE
PAYBACK
Chris
Boardman, Vários (Varèse Sarabande
6003)
**-
O
mais recente filme de Mel Gibson, O Troco, possui um atrativo especial
- a ambientação anos 70, com a fotografia azulada lembrando
os filmes policiais feitos à época. Na trilha, foram incluídos
sucessos de r&b, e a música incidental do compositor Chris
Boardman remete às trilhas funk/pop/jazz criadas por, entre outros,
Lalo
Schifrin e David Shire. Aliás,
o interessante score de Boardman (há 15 minutos dele no CD)
é mais do que parecido com o que Shire compôs para O Sequestro
do Metrô (The Taking of Pelham One Two, Three, 1974),
que foi resgatado do esquecimento com o seu lançamento em CD, em
1997. De fato, o tema de ambos os filmes possui passagens idênticas,
o que ultrapassa os limites de uma mera "inspiração". De tal sorte que o nome de Shire
também deveria constar nos créditos. JS
THE
TOWERING INFERNO AND OTHER DISASTER CLASSICS
Vários (Varèse
Sarabande 5807)***-
Coletânea que reúne suítes e temas de famosos filmes-catástrofe,
compostos por John
Williams , Jerry
Goldsmith, Alan
Silvestri, James
Newton Howard, James
Horner, John Frizzell e Mark Mancina. Enquanto as produções
mais recentes fazem-se presentes com as gravações originais
(Inferno de Dante, Volcano e Epidemia), editadas pela própria
Varèse, a maior parte dos quase 70 min. do CD são boas regravações
conduzidas por Joel McNeely (Inferno na Torre, Twister, Independence
Day e O Enxame) e John Debney (Terremoto, o Destino do Poseidon
e
Titanic). O destaque absoluto são os 19 minutos de Inferno
na Torre, que recentemente ganhou sua primeira
edição oficial
em CD. A suíte reúne as três melhores faixas do antigo
LP da Warner, "Main Title", "Planting The Charges and Finale" e
"An Architect´s Dream". Apesar de algumas diferenças de interpretação
e tempo, a nova performance não fica devendo nada à gravação
original conduzida por John Williams. JS
THE
REEL LALO SCHIFRIN
Lalo
Schifrin (Hip-O Records 40127)**-
Coletânea pertencente à Coleção "The Reel",
da Hip-O (que também já lançou The Reel Quincy
Jones e The Reel Burt Bacharach), reunindo muitos dos temas
que Schifrin compôs em sua prolífica carreira. Ao lado de
faixas mais conhecidas como Mission: Impossible, Mannix, Dirty Harry,
Cool Hand Luke, há músicas raramente executadas (muitas
lançadas apenas em LP, outras nem assim) dos filmes The Sting
II, The Fox, Nunzio, The Cincinnatti Kid, Voyage of The Damned, etc.
Se por um lado compilações deste tipo resgatam uma parte
da obra de um compositor, no caso de alguém realmente importante
elas raramente deixam de ser decepcionantes. Por exemplo, neste CD estão
ausentes os westerns compostos por Schifrin, além de duas de suas
trilhas mais conhecidas: Bullit e Enter The Dragon, que existem
apenas em edições difíceis de encontrar, e portanto
muito caras. De qualquer modo, esperamos que, a partir deste CD, mais trabalhos
do compositor argentino sejam lançados pelas grandes gravadoras,
somando-se aos já editados pelo selo Aleph, do próprio Schifrin
e sua esposa. JS
STAR
WARS EPISODE I: THE PHANTOM MENACE
Música
composta e conduzida por John
Williams (Sony Classical, edição nacional)/Cotação: ****-
22 anos após visitar o universo de Guerra nas Estrelas pela
primeira vez, John Williams retorna à
saga de George Lucas. Apesar de suficientemente identificada com o som
consagrado nos filmes originais, a música de The Phantom Menace
reflete as mudanças ocorridas no estilo de Williams, a partir de
meados dos anos 80. Orquestrações elaboradas, coral e a utilização
apenas sutil de temas conhecidos, à exceção do famoso
tema de abertura (prestem atenção nos acordes de "The Imperial
March" em "Annakin´s Theme") cruzam os 75 minutos de duração
do CD, no qual destaca-se "Duel of The Fates", o verdadeiro tema do filme.
A gravação, feita nos estúdios Abbey Road de Londres,
nos brinda com excelentes performances da The London Symphony Orchestra,
London Voices e The New London Symphony Orchestra, todos sob a batuta de
Williams. Esta é a versão original do álbum, que omite grande parte da
música gravada para o filme, posteriormente lançada em um CD duplo: Star
Wars: The Phantom Menace - The Ultimate Edition. Se a nova versão
contém toda a música ouvida no filme, esta contém a versão para concerto
de vários temas, em uma seqüência que privilegia a experiência auditiva, e
não a fílmica, o que equivale dizer que, para os completistas, ela também
torna-se indispensável. JS
Cotação: ***** - O formato das composições deste score nos lembra Star Wars (1977). Como John Williams disse na época do lançamento do filme: "90% é novo e 10% é recriação". Esses "10%" para um ouvinte desatento poderiam passar desapercebidos, a "Imperial March" é incluída em quase todas as músicas em alusão ao jovem Anakin, que se tornará Darh Vader. E os outros "90%" são composições que mostram um mundo musical mais trabalhado. Para os fãs mais radicais dos filmes esse score pode ter sido "fraco", caso semelhante aconteceu com Gladiator (Hanz Zimmer), muitos disseram que deveria ter se inspirado em Miklos Rozsa, etc, etc. Tenho a impressão que Zimmer partiu do seguinte idéia: a concepção de um filme hoje é outra, se Zimmer tivesse optado para o "tradicional" seria uma "cópia", o que tornaria o score previsivel, se os compositores se inspirarem muito no "tradicional" os scores se tornariam estáticos. John Williams desenvolveu temas que acompanharam as novas histórias e o avanço tecnológico, que permitiu dar detalhes antes impossíveis ao filme. Não somente os efeitos visuais avançaram, a própria história se tornou mais rica, Williams expandiu as composições que já havia feito para a trilogia original sem perder a identidade musical do filme. Para mim os destaques são "The Arrival at Tatooine and The Flag Parade", "Panaka and the Queen's Protectors" e "Augie's Great Municipal Band and End Credits". Ricardo Augusto de Souza da Silva
JASON
AND THE ARGONAUTS
Música
composta por Bernard
Herrmann - Bruce Broughton regendo a Sinfonia
of London (MAF 7083)*****-
Dando seguimento à sua excelente Excalibur Collection, composta
pelas regravações de Ivanhoe e Julius Caesar,
regidas por Bruce Broughton (Tombstone, Lost in Space), a Intrada
lançou em gravação digital de 20 bits a trilha composta
por Bernard Herrmann para mais uma fantasia do mestre da animação
quadro a quadro, Ray
Harryhausen: Jasão e os
Argonautas. Anteriormente disponível apenas de forma parcial
em regravações do próprio Herrmann, os 60 minutos
de Jason nos mostra o compositor no auge de sua forma, reforçando
seções da orquestra para tornar a música que acompanha
as peripécias dos heróis mitológicos literalmente
explosiva. Por exemplo, a seção de metais da orquestra possuía
8 trompas, 6 trumpetes, 6 trombones e 4 tubas! Uma enorme quantidade de
instrumentos de percussão também foi utilizada, e os resultados
podem ser conferidos em faixas como "Talos Death" e "Triton". Mas o destaque
é de "Scherzo Macabre", ouvida durante a batalha entre os homens
de Jasão e vários soldados-esqueleto. A faixa originou-se
do "scherzo" composto por Herrmann em 1936 para a peça clássica
"Nocturne and Scherzo", que para o filme foi adaptada exclusivamente para
sopro, metais e percussão. Indubitavelmente, este CD da Intrada
é uma das melhores e mais fiéis regravações de uma
trilha clássica já lançadas. JS
CLOSE
ENCOUNTERS OF THE THIRD KIND COLLECTOR´S EDITION SOUNDTRACK
Música
composta e conduzida por John
Williams (Arista 19004)*****-
Lançada no mesmo ano de Guerra nas Estrelas (1977), a trilha
de Contatos Imediatos do 3º Grau, composta para o famoso filme
de Steven Spielberg, consolidou o status de Williams como o maior
compositor do cinema em atividade, após obras de exceção como Os Cowboys,
Inferno na Torre, Tubarão e o próprio Guerra nas Estrelas.
Spielberg, já durante as filmagens de Tubarão, estava
desenvolvendo as idéias para o seu longa seguinte, que teria por tema OVNIS e
contatos com seres alienígenas. O diretor sabia que a música teria um papel
crucial na construção e sustentação dramáticas das imagens que surgiriam
na tela, e assim ele resolveu convocar Williams bem no início da fase de
pré-produção do filme. Spielberg queria tratar a música não apenas como
um elemento estrutural chave, mas também como um personagem de relevo. Assim,
Close Encounters, além de ser um dos destaques na duradoura
colaboração Spielberg/Williams, é um daqueles raros casos em que cenas ou
seqüências inteiras são concebidas e filmadas, em função de um score
previa e especialmente criado pelo compositor. A primeira tarefa do compositor
foi criar a memorável série de 5 notas que seria a base para a comunicação
entre terrestres e alienígenas. Em seguida, veio a porção final em que
vemos a chegada de uma gigantesca nave-mãe, na qual foi incorporado o pequeno
motivo de 5 notas. Com um toque de mestre, Williams também utilizou a famosa
canção do desenho Pinóquio, "When You Wish Upon a Star",
para simbolizar a inocência e a pureza do protagonista Roy Neary (Richard
Dreyfuss), a quem os ETs escolhem para acompanhá-los em sua jornada. De
um modo geral, a partitura apresenta um amálgama de estilos, que vão
do medo (atonalidade) ao melódico e à magia (tonalidade), um enorme
contraste ante a heróica e estupenda (se bem que mais tradicional) partitura
de Star Wars. Os 45 minutos do LP original da Arista e a versão em CD da Varèse
Sarabande, apesar de prestigiados, apresentavam marcantes diferenças
em relação à música ouvida no filme. Muitas
composições haviam sido agrupadas para formar faixas mais
longas, outras foram compostas especialmente para o disco, e outras simplesmente
ficaram de fora. Já o relançamento da Arista, com seus 78 minutos
de duração, apresenta as faixas na ordem de sua aparição
no filme, além de incluir músicas inéditas e até
algumas não utilizadas. A gravação, remasterizada,
parece que foi feita ontem, e a embalagem do CD, em papel especial metalizado,
é uma das mais bonitas que surgiram em 1998. O lançamento coincidiu com
o da nova versão em VHS e laserdisc do filme, e que agora está sendo
apresentada também em DVD. JS
BEN-HUR,
A TALE OF CHRIST
Música
composta e conduzida por Miklos
Rozsa (Rhino 72197)*****- A Rhino, que
através de seu selo Turner Classic Movies relançou versões definitivas
para clássicos como North by Northwest, Doctor Zhivago e The
Wizard of Oz, superou todas as expectativas com a edição remasterizada
de Ben-Hur. Pela primeira vez desde o lançamento do filme, todas as
gravações originais da MGM Orquestra, conduzida por Miklos Rozsa, bem como
as faixas gravadas em Roma, fazem parte de uma edição oficial da trilha.
Rozsa, um dos mais eruditos compositores que já emprestaram sua arte para os
filmes, tinha por hábito fazer minuciosas pesquisas sobre a era retratada na
tela. Para Ben-Hur, o compositor gastou meses aprofundando seus
conhecimentos sobre a Cultura Romana Clássica, sua literatura e música.
Igual período já fora retratado em Quo Vadis?, e muitas da soluções
criativas para a música do período, então utilizadas por Rozsa, foram
continuadas. Entre a pesquisa, a composição e a gravação, passou-se 1 ano
e meio, período no qual o compositor desenvolveu sua obra-prima, plena de
religiosidade, nobreza, drama, ação retumbante e marchas triunfais.
Ironicamente, a cena mais lembrada do filme, a violenta corrida de quadrigas,
não foi musicada. Sabiamente, Rozsa preferiu não competir com os abundantes
efeitos sonoros da seqüência, preferindo compor uma memorável marcha
("Parade of The Charioteers") para a cena anterior, na qual os
competidores desfilam ante a ruidosa multidão. Tanto a cena como a música, a
propósito, receberam uma bela homenagem por parte de George Lucas e John
Williams em Star Wars: Episódio I.
Apesar da boa qualidade do CD duplo da Sony (pouco mais de 90 min de música
regravada) anteriormente disponível, não há termos de comparação com esta
edição. Em dois CDs estão contidas duas horas e meia de música, incluindo
faixas alternativas ou não utilizadas, quase todas em ótimo som estéreo. A
parte gráfica é um show à parte, já que os CDs vêm em uma embalagem em estilo de livro,
contendo um encarte de 50 páginas abundante de informações e fotos sobre o filme
e o processo de gravação da música. Este e posteriores lançamentos (Gone
With The Wind, How The West Was Won), confirmaram o compromisso da Rhino/Turner
em preservar alguns dos maiores scores de todos os tempos, em sua forma
mais completa e original possível. JS