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ÁGUA NEGRA (Dark
Water, EUA, 2005)
Gênero: Suspense
Duração: 105 min.
Elenco: Jennifer Connelly, John C. Reilly, Tim Roth,
Dougray Scott, Pete Postlethwaite, Camryn Manheim, Ariel Gade, Perla
Haney-Jardine
Compositor: Angelo Badalamenti
Roteiristas: Kôji Suzuki, Hideo Nakata, Takashige
Ichise
Diretor: Walter Salles
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Falta
terror
Esta
refilmagem de mais um terror japonês, dirigida pelo brasileiro Walter
Salles, pode não provocar sustos como o original, mas também não é ruim
com andam dizendo
Não vai ser
fácil Walter Salles agradar o público com o seu já renegado ÁGUA NEGRA
(2005). Salles fez um filme bem mais palatável que o original de Hideo
Nakata, de 2002, mas ainda assim não é um filme fácil, principalmente
para as platéias que pagam esperando um filme de terror.
Se Hideo Nakata já tinha feito um filme mais para drama do que para
terror, Salles vai além. Ele evita o quanto pode todos os clichês do
gênero e até corta seqüências de susto que haviam no filme original.
Por exemplo, quem esperar levar um susto na cena da caixa d'água, como
acontece no filme de Nakata, vai se decepcionar. O filme de Salles
também tem uma trama mais simplificada para o espectador ocidental e há
o corte do epílogo do original, que eu particularmente gosto muito.
A seu favor, a nova versão tem a beleza deslumbrante de Jennifer
Connelly, essa que eu considero a atriz de rosto mais belo em
Hollywood. Jennifer ainda por cima é ótima atriz. Ultimamente tem feito
muitos papéis de mulher sofrida, em filmes como HULK,
RÉQUIEM PARA UM
SONHO, CASA DE AREIA E NÉVOA e UMA MENTE BRILHANTE. ÁGUA NEGRA é
uma espécie de retorno às origens. No começo da carreira, Jennifer
flertou com o cinema de horror: logo depois de debutar num filme de
Sergio Leone (ERA UMA VEZ NA AMÉRICA), ela trabalhou com o mestre Dario
Argento em PHENOMENA. Em ÁGUA NEGRA, sua personagem é dotada de um
instinto maternal comovente.
A locação do filme é outro ponto a favor: a ilha de Jersey, parte pobre
de Nova York, é mostrada sempre com céu cinza e chuva quase constante.
Sobre a trilha sonora, pena que Angelo Badalamenti,
compositor da maior parte das trilhas dos filmes de David Lynch, não
faça nada tão genial quando está separado do cineasta. Seu trabalho em
ÁGUA NEGRA não foge do convencional e é uma das poucas coisas que dão
aspecto de terror ao filme.
Quanto à saraivada de críticas negativas que o filme anda recebendo -
além do fato de o próprio diretor ter desprezado sua cria -, não
entendi a razão. Ou entendi, mas acho exagerada. Salles soube mostrar
muito bem o clima de tristeza e solidão não só da personagem de
Jennifer como também de seu advogado, que finge estar com a família
quando na verdade está sozinho. Mostra o quanto a sociedade cobra a
felicidade a dois das pessoas. A família esfacelada é o tema recorrente
da obra de Salles, que tem em CENTRAL DO BRASIL (1998) o seu melhor
filme.
ÁGUA NEGRA pode não ser um grande filme - Hideo Nakata ainda fez o
favor de passar a perna em Salles com seu O CHAMADO 2 -, mas não achei
ruim como andam dizendo por aí.
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