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MADRUGADA DOS MORTOS
(Dawn of The Dead, EUA, 2004)
Gênero: Terror
Duração: 100 min.
Elenco: Sarah Polley, Ving Rhames, Jake Weber, Mekhi Phifer, Ty
Burrell, Michael Kelly, Kevin Zegers, Michael Barry
Compositor: Tyler Bates
Roteiristas: James Gunn, George A. Romero
Diretor: Zack Snyder
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Os vivos... e os nem tão
mortos
Refilmagem de clássico filme de zumbi de
George Romero, dirigida pelo estreante Zack Snyder, nada fica a dever ao
original
O filmes de zumbis,
aqueles mortos-vivos claudicantes comedores de carne humana, tradicionalmente
compõem um sub-gênero menor dos filmes de terror. Há poucas produções deste tipo
dignas de nota, e dentre elas se destaca a trilogia do diretor e roteirista
cult George A. Romero: A NOITE DOS MORTOS-VIVOS (1968, refilmado em 1990),
ZOMBIE - O DESPERTAR DOS MORTOS (1978, a versão original deste MADRUGADA DOS
MORTOS) e O DIA DOS MORTOS (1985).
O maior mérito dos filmes de Romero foi retirar o zumbi de seu habitat
tradicional, as selvas da América Central, e transportá-lo para o meio urbano
(ou suburbano), abrindo espaço para uma rica série de de alegorias e críticas à
sociedade capitalista norte-americana - e, por extensão, de todo o mundo
ocidental. Isso tudo sem esquecer que suas produções eram apavorantes e
violentas, com cenas explícitas de humanos e zumbis sendo mutilados,
esquartejados.
Filmes recentes como
RESIDENT EVIL (2002, de Paul W. S. Anderson) e
EXTERMÍNIO (2002, de
Danny Boyle) prepararam o terreno para este MADRUGADA DOS MORTOS, sem dúvida o
melhor desta safra recente e que, surpreendentemente, nada fica a dever ao
original de Romero. A surpresa se justifica por esta ser a estréia na direção de
Zack Snyder que, em um dinâmico prólogo no qual a enfermeira vivida por Sarah
Polley é jogada no pesadelo que a levará, junto com outros sobreviventes, a se
refugiar num shopping center, garante ao espectador que ele irá assistir
a um filme acima da média. E a promessa é cumprida já nos excelentes créditos
iniciais que se seguem, onde, através de uma colagem de imagens ao som de Johnny
Cash, o público tem conhecimento de que o mundo está sendo tomado pelos
mortos-vivos.
A alegoria à sociedade de consumo continua lá - os consumidores, para não serem
devorados, encastelam-se em um shopping, o templo do consumo - mas Snyder
introduz algumas inovações. Os zumbis não são mais as criaturas lerdas dos
outros filmes, mas sim velozes e letais como em
EXTERMÍNIO. O filme é
eficazmente sério, e nos poucos momentos em que sorrimos, é por causa de um
humor amargo e irônico. Como, por exemplo, na seqüência do jogo de tiro ao alvo
"Acerte a Celebridade".
Os efeitos digitais e de maquiagem são excelentes, utilizados nos momentos
certos. Eles propiciam a criação de cenas violentíssimas, mas graças a cortes
rápidos e precisos, elas nunca parecem gratuitas ou exageradas. Houve uma certa
polêmica em torno do "bebê-zumbi", mas sinceramente achei um exagero, já que o
monstrinho aparece por poucos segundos e não faz nada. Essa gente precisa ver
NASCE UM MONSTRO (1974), de Larry Cohen, onde um bebê mutante destroça gargantas
embalado pela música de Bernard
Herrmann...
Beneficiado pelo bom desenvolvimento dos personagens, que evita os estereótipos
tão comuns nestas produções, o elenco cumpre bem sua missão, principalmente
Sarah Polley e Ving Rhames - o papel do policial durão caiu como uma luva para a
eterna carranca do ator. Adicionalmente os fãs reconhecerão, em pequenas pontas,
Tom Savini (criador das maquiagens de ZOMBIE - O DESPERTAR DOS MORTOS, e
responsável pela ótima refilmagem de A NOITE DOS MORTOS-VIVOS de 1990) e Ken
Foree, que atuou no filme original.
MADRUGADA DOS MORTOS, com suas cenas de tensão e violência, montagem perfeita,
roteiro muito bem estruturado e, principalmente, a direção exemplar de Snyder, é
sucesso de público e crítica. Portanto, prepare-se porque os mortos-vivos irão
voltar, mais cedo do que você pensa... além de RESIDENT EVIL 2, já se fala em
uma refilmagem de O DIA DOS MORTOS, e o Mestre Romero em pessoa retornará à
direção em 2005 com TERRA
DOS MORTOS.
Ah, e não deixe de assistir aos créditos finais, eles são essenciais para que
façamos idéia da real conclusão do filme.
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