|
VISÕES
(Jian gui 2 / The Eye 2, Hong Kong, Tailândia, 2004)
Gênero: Terror
Duração: 90 min.
Elenco: Eugenia Yuan, Qi Shu, Jesdaporn Pholdee, Philip Kwok, May
Phua, Rayson Tan, Alan Tern, San Yow
Roteiristas: Lawrence Cheng, Jo Jo Yuet-chun Hui
Diretores: Oxide Pang Chun, Danny Pang (Pang Brothers)
|
Eu vejo pessoas mortas
Continuação de
The Eye dá seguimento à atual,
prolífica e interessante onda de filmes de terror orientais
Não é sempre que a gente vê entre as
estréias da semana um filme de terror chinês. E em pleno circuito comercial. Até
lembrei de quando passou por aqui A ESPINHA DO DIABO, de Guillermo del Toro, um
filme de horror falado em espanhol, no mesmo fim de semana de OS OUTROS. Não
deixa de ser estranho isso, já que estamos acostumados a só receber as produções
de Hollywood e - com sorte - ver os filmes dos outros países apenas em vídeo. A
PlayArte, distribuidora de VISÕES (2004), teve a coragem de apostar no filme,
vendo a popularização do terror oriental. Claro que muita gente irá assistir ao
filme olhando apenas o cartaz, sem nem saber que se trata de um filme chinês.
Mas torço para que ele faça sucesso e que venham mais dessa boa safra.
A trama de VISÕES nada tem a ver com a do primeiro THE EYE. A não ser, é claro,
o fato de a mulher ver os mortos. Mas a história e os personagens são totalmente
diferentes. No primeiro filme, uma moça cega passa a ver os mortos depois de ter
feito um transplante de córnea. Neste segundo, uma moça grávida, a partir do
momento que tenta o suicídio por se sentir rejeitada pelo rapaz por quem é
apaixonada, passa a enxergar os mortos.
Apesar de o primeiro filme dar mais sustos e arrepios, a trama do segundo é
muito melhor e mais original. O primeiro lembrava demais O SEXTO SENTIDO, e
ainda tinha uma cena no final que era parecida com a cena do acidente de
PREMONIÇÃO 2. Achei muito interessante a adaptação da crença budista da
reencarnação, em um filme que mostra o perigo não apenas no sobrenatural, nos
mortos, mas também no próprio mundo, na violência e na dor da realidade física.
Como se pode ver na cena do estuprador, ou no horror que é um parto complicado.
Os espíritos do filme dos Pang Brothers não são nem totalmente bons nem
totalmente maus. São humanos que sofreram bastante quando vivos, mas que querem
esquecer de tudo e voltar ao plano físico. Sobre o espírito ficar esperando na
porta do útero para pegar a vaga da próxima encarnação, não sei se está
totalmente de acordo com as crenças budistas ou com o que o espiritismo prega,
mas me lembro de ter lido num livro da astróloga Linda Goodman, que o feto não
possui ainda espírito, é apenas um projeto de gente esperando para ser
preenchido. Achei bem interessante a idéia de os recém-nascidos serem geralmente
familiares mortos, que querem permanecer ligados à família. Tudo a ver com o
respeito que os orientais tem para com seus ancestrais.
|