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FONTE DA VIDA
(The Fountain, EUA, 2006)
Gênero:
Ficção Científica
Duração:
96 min.
Elenco:
Hugh Jackman, Rachel Weisz, Marcello Bezina, Alexander Bisping, Ellen
Burstyn, Mark Margolis, Cliff Curtis, Sean Gullette, Donna Murphy, Ethan
Suplee, Sean Patrick Thomas
Compositor:
Clint Mansell
Roteiristas:
Darren Aronofsky, Ari Handel
Diretor:
Darren Aronofsky |
Interminável tédio
Novo filme do cineasta Darren Aronofsky
é um de seus filmes mais pessoais e, infelizmente, dos mais chatos e
pretensiosos do ano
O que dizer sobre FONTE DA
VIDA (2006)? Dizer que é um dos filmes mais chatos e pretensiosos do ano é
chover no molhado. Poderia então falar do quanto eu fiquei impaciente e olhando
para o relógio, torcendo para que aquela tortura acabasse logo, mas sobre isso
não tenho muito o que desenvolver. Dos longas anteriores de Darren Aronofsky -
PI (1998) e RÉQUIEM PARA UM
SONHO (2000) - gostei um pouco do segundo, ainda que muito disso seja por
causa da presença de Jennifer Connelly, que sempre me deixa hipnotizado e com
meu senso de julgamento afetado. FONTE DA VIDA seria um retorno a uma temática
mais pretensiosa, mais cabeça, iniciada em PI. É o filme da vida do diretor.
Fico imaginando o quanto deve ser frustrante para um artista o filme de sua vida
resultar num fracasso. Se bem que é possível que Aronofsky tenha ficado
satisfeito com o seu trabalho, já que vários críticos elogiaram bastante o
filme. Nesse ano, FONTE DA VIDA talvez seja, ao lado de A DAMA NA ÁGUA, de
Shyamalan, o filme que mais vem despertando opiniões diametralmente opostas.
FONTE DA VIDA tem uma narrativa dividida em três partes. Tirando a narrativa
contemporânea, que mostra o drama de um médico/cientista (Hugh Jackman) que
estuda um meio de curar o câncer da esposa (Rachel Weisz), as outras duas são um
pouco difíceis de serem situadas geograficamente. Principalmente aquela que
mostra um Hugh Jackman careca sentado no espaço, numa espécie de plano astral. A
terceira, depois iremos saber, situa-se há mais de 500 anos na Espanha, na época
da Inquisição. A impressão que se tem é que o diretor não soube costurar essas
tramas e o resultado acabou sendo um melodrama ingênuo e mal ajambrado com
pretensões de soar espiritual, cósmico ou coisa parecida. Um dos momentos mais
constrangedores do filme é aquele em que Rachel Weisz pergunta ao marido o que
ele acha da idéia de se morrer para
dar a vida. Como se essa idéia fosse original.
As religiões orientais já lidam com isso há séculos. Para os hinduístas, por
exemplo, o universo inteiro é parte do divino, e tudo é parte de Deus. Desta
maneira, Deus está presente em tudo. Nesse sentido, Deus morreu para criar o
mundo, como um dançarino que se confunde com a própria arte ou como uma semente
que morre para que uma árvore possa nascer. Falando em árvore, a tal árvore
"cabeluda" da estória é supostamente inspirada numa árvore do Jardim de Éden.
Essa árvore teria o poder de trazer a vida eterna.
No meio dessa salada toda, os únicos momentos realmente empolgantes do filme é
quando a gente ouve a palavra "termine, termine" repetidas vezes. É como se
houvesse uma entidade secreta, dentro do próprio filme, tentando acabar com
aquela tortura. E quanto mais eu ouvia isso, mais eu torcia para que o filme
acabasse mesmo. Tanto que nem me lembro mais do final. Enquanto isso, a veterana
Ellen Burstyn sofre, tendo participado de duas bombas seguidas, sendo que a
outra foi O SACRIFÍCIO.
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