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O GRITO (The
Grudge, Japão, EUA, 2004)
Gênero: Terror
Duração: 91 min.
Elenco: Sarah Michelle Gellar, Jason Behr, William Mapother, Clea
DuVall, KaDee Strickland, Grace Zabriskie, Bill Pullman, Rosa Blasi
Compositor: Christopher Young
Roteiristas: Takashi Shimizu, Stephen Susco
Diretor: Takashi Shimizu
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Espíritos mal-educados
Apesar de, em alguns momentos, provocar
risos ao invés de sustos, este filme na linha de O CHAMADO garante boas doses de
mistério e terror
Tenho reparado
que ultimamente Hollywood está mais aberta para diretores estrangeiros.
Conversando isso ontem com o amigo Zezão, depois da sessão de O GRITO (2004),
ele disse que acredita que isso está acontecendo por causa da falta de
criatividade que assola a indústria americana. É possível. Por isso, eles estão
pegando diretores criativos vindos de países diversos como Espanha, França,
México, Japão e até do Brasil. Se por um lado, isso pode estragar os diretores,
por outro eles têm a chance de ficarem mais conhecidos no mundo todo e ainda
terem suas obras originais conhecidas por tabela.
Do Japão, os executivos de Hollywood estão de olho no sucesso do moderno cinema
de horror japonês. Já tinham lucrado horrores com O CHAMADO (2002), de Gore
Verbinski, remake do original RINGU (1998), de Hideo Nakata. Para esse
ano, já está engatilhada a continuação, agora sob a direção do próprio Nakata.
Takashi Shimizu é outro diretor bem sucedido no Japão. Seu sucesso começou com
JU-ON (2000), filme de horror feito direto para o mercado de vídeo, e que rendeu
uma continuação no mesmo ano. Depois, surgiu uma versão do mesmo filme para o
cinema, chamado JU-ON: THE GRUDGE (2003), que também teve uma continuação no
mesmo ano. Enquanto não chega JU-ON 3 no Japão, é possível ver o remake
do remake, desta vez made in USA. Chamaram o próprio Shimizu para dirigir
essa versão americana, com rostos conhecidos no elenco como Sarah Michelle
Gellar e Bill Pullman. Pullman, aliás, aparece meio zumbificado nesse filme,
lembrando o seu papel na obra-prima A ESTRADA PERDIDA, de David Lynch. Os "lynchófilos",
como eu, também vão gostar de ver Grace Zabrieskie, a senhora com cara de doida
que já foi a perturbada mãe de Laura Palmer em TWIN PEAKS, como a mulher
atormentada pelos espíritos maléficos da casa assombrada.
O fato de o filme se passar no Japão foi uma boa idéia, já que a história,
envolvendo a lenda de que se um espírito que morre com ódio, passa a atormentar
as pessoas que têm alguma conexão com o lugar, é algo mais ligado à cultura
local. Na história, Sarah Michelle Gellar é uma enfermeira que vai cuidar de uma
mulher com problemas mentais no Japão. O problema é que essa mulher está na tal
casa amaldiçoada. Na verdade, a história não é o forte do filme. O GRITO se
sustenta mais nas cenas de mistério e terror. Algumas das cenas não são boas,
apelando para o susto fácil, como na cena do gato saindo do armário. Mas outras
cenas são arrepiantes, como a cena do espírito do garoto surgindo detrás da
cama, ou de uma cena nas escadarias de um prédio. O filme parece uma colagem de
cenas de terror, faltando um pouco de coesão e de uma maior lógica na história.
Mas eu, que sou fã dos filmes sobrenaturais de Argento (SUSPIRIA e INFERNO) e de
alguns filmes sem história de Lucio Fulci (A CASA DO ALÉM e PAVOR NA CIDADE DOS
ZUMBIS), não ligo muito pra esse "detalhe". Porém, muita gente pode se sentir
incomodada ou até enganada ao sair do cinema.
Um dos maiores problemas do filme é que algumas cenas provocam risadas. O maior
alvo de chacota do público é o barulho que os espíritos do mal fazem, sempre que
ameaçam suas vítimas: mais parece um arroto prolongado. Muita gente saiu do
cinema imitando o barulhinho. Inclusive, esse que vos escreve. O fato é que
levando ou não a sério o filme, é possível se divertir bastante durante os seus
91 minutos.
E que venha O CHAMADO 2, do Nakata. E os JU-ONs originais em DVD.
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