|
INSTINTO SELVAGEM 2
(Basic Instinct 2: Risk Addiction, EUA, Alemanha, Espanha, Inglaterra,
2006)
Gênero: Suspense
Duração: 114 min.
Elenco: Sharon Stone, David Morrissey, Charlotte Rampling, David
Thewlis, Hugh Dancy, Anne Caillon, Iain Robertson, Stan Collymore
Compositor: John Murphy, temas de
Jerry Goldsmith
Roteiristas: Leora Barish, Henry Bean
Diretor: Michael Caton-Jones
|
Instinto de picaretagem
Feita para manter Sharon Stone em
evidência, esta péssima seqüência de INSTINTO SELVAGEM vai servir apenas para
sepultar de vez a carreira da ainda bela atriz
INSTINTO SELVAGEM (1992), o clássico filme de
Paul Verhoeven, foi revolucionário ao subverter o film noir dos anos 40,
levando a figura da femme fatale às últimas conseqüências e trazendo
cenas de sexo que se aproximavam do explícito dentro do cinemão americano. Quem
assistiu e lembra com saudade desse filme, de sua violência brutal, da famosa
cruzada de pernas de Sharon Stone, do sexo selvagem entre Michael Douglas e
Jeanne Tripplehorn, da música de
Jerry Goldsmith, entre outras várias coisas, quem curtiu o primeiro INSTINTO
SELVAGEM vai querer ver de novo um pouco daquilo, embora o cheiro de bomba
esteja no ar o tempo inteiro.
É a tal coisa: a gente sabe que o filme não vai ser grande coisa, mas como
resistir ao ver as pernas desnudas de Sharon Stone no cartaz? Como, meu Deus,
como? Só se eu entrasse para um mosteiro ou algo do tipo. E como dizia Oscar
Wilde, eu resisto a tudo, menos às tentações. Resolvi correr risco e caí na
armadilha: INSTINTO SELVAGEM 2 (2006) não vale o tempo que se gasta o
assistindo, quanto mais o caro valor do ingresso.
O filme começa com Catherine Tramell (Sharon Stone) dirigindo um carro luxuoso
com um homem ao lado. Ela dirige em alta velocidade e o homem, visualmente
afetado por drogas, a masturba. Ela goza e o carro sai de linha e cai num lago.
Ela não se esforça muito para tirá-lo do carro e salva apenas a si mesma.
Tramell é acusada de assassinato, mas é inocentada, graças ao diagnóstico de um
psiquiatra (David Morrissey), que diz que ela é uma viciada em riscos. Ela se
aproxima do médico e pede para fazer um tratamento com ele. Ele aceita, mesmo
sabendo que pode ser tudo um jogo.
Embora já soubesse da inferioridade desse filme em relação ao original, ainda
esperava que se tratasse de um bom exploitation, um desses filmes que não
têm vergonha de apelar para o erotismo e para a violência. Ora bolas, era isso
mesmo que a gente quer ver. Ao menos Sharon Stone continua linda. Ela já é uma
mulher quase chegando na casa dos cinqüenta, mas nem parece. Rosto lindo, corpo
belíssimo. Pena que o filme não soube aproveitar o que tinha de melhor. O ritmo
é modorrento, o protagonista (Morrissey) não tem o menor carisma, Sharon Stone
não aparece matando ninguém, a fotografia é mal cuidada, os diálogos são toscos,
o músico contratado é outro, mas o tema de Goldsmith continua lá tentando
empurrar com a barriga uma suposta emoção.
Mas o pior de tudo é o sexo: mais fraco que os
soft porns pasteurizados do Cine Privê. Há ainda uma chance de se ver cenas
cortadas numa versão "do diretor", lançada em DVD. Mas quem viu esse negócio no
cinema, não vai querer perder tempo vendo uma versão estendida. Que saudade dos
filmes do Verhoeven. O homem está sumido desde O HOMEM SEM SOMBRA (2000). Já são
longos seis anos sem sua presença nas telas. Ah, e eu nem falei: o diretor desse
fiasco é Michael Caton-Jones, diretor pau mandado de filmes medianos. Seu melhor
trabalho talvez seja O CHACAL (1997).
|