Mario Nascimbene (1913-2002) |
ADDIO
PER NASCIMBENE
Com
a morte do compositor Mario Nascimbene, o cinema perdeu um dos últimos
representantes da fase de introdução oficial da música no cinema da Itália.
Nascimbene, que possuía formação erudita e nutria encantamento pelas obras
de Frescobaldi, Legrenzi, Verdi e Rossini, deixou uma importante obra no campo
do Canto de Folclore, como Vitti na Crozza. No cinema, legou um acervo
de composições que servem para reforçar o seu enorme e exuberante talento.
Sua versatilidade é comprovada pela produção de trilhas para os mais
variados gêneros cinematográficos. Trabalhou com os maiores expoentes da
direção cinematográfica, como Roberto Rossellini, Federico Fellini, Valério
Zurlini, Michael Curtiz, King Vidor, Joseph Mankiewicz e muitos outros.
Formado em composição e regência pelo Conservatório Giuseppe Verdi de Milão,
a partir da década de quarenta dedicou-se a um trabalho de pesquisa sobre
sonoridades novas. ROMA ÀS 11 HORAS, dirigido por Giuseppe De Santis, conta
uma história de alguns datilógrafos. Na trilha composta por Nascimbene, ele
simplesmente aproveitou a sonoridade das máquinas de escrever e incluiu-as na
trilha sonora, conseguindo um magnífico efeito. Este seu notável trabalho
valeu-lhe o Nastro D´Argento, que é um prêmio que para os italianos tem o
mesmo peso que a Palma de Ouro de Cannes. Em 1953, Nascimbene foi convidado
por Federico Fellini para compor a trilha sonora de um dos episódios do seu
filme AMOR NA CIDADE, a história batizada como “Agência Matrimonial”.
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Nascimbene (dir.) e o diretor Roberto Rosselini (esq.). |
Mario Nascimbene foi o primeiro compositor italiano contratado para trabalhar em Hollywood, em 1953, abrindo o mercado norte-americano para outros compositores italianos como Nino Rota, Ângelo Francesco Lavagnino e outros. Em Hollywood, a produção musical de Nascimbene foi bastante intensa, tendo composto trilhas verdadeiramente notáveis como A CONDESSA DESCALÇA, ADEUS ÀS ARMAS, OS VIKINGS, ALEXANDRE O GRANDE, CONSTANTINO E A CRUZ, SALOMÃO E A RAINHA DE SABÁ, SÃO FRANCISCO DE ASSIS e DOUTOR FAUSTUS, para citar apenas alguns. Na Itália, Mario Nascimbene era o compositor preferido do diretor Valério Zurlini. Foi através da trilha sonora de Um Verão Violento que ele ganhou o Nastro d'Argento de 1960. Em 1991 o compositor Mario Nascimbene foi premiado com o David Donatello, que é uma espécie de Oscar da Itália, pelo conjunto da sua realização como compositor de trilhas sonoras.
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Nascimbene e sua esposa |
Mario Nascimbene sempre foi um compositor profundamente inspirado, tendo incursionado pelos mais distintos gêneros da cinematografia, sempre imprimindo uma criatividade capaz de deixar a sua marca mesmo naqueles filmes mais inexpressivos, como é o caso de MIL SÉCULOS ANTES DE CRISTO, filme de Don Chaffey com Rachel Welch. Nesse seu trabalho, para temperar as cenas de uma seqüência cósmica ele insere sons a e acordes musicais, todos aliados a sons da própria natureza, construindo uma partitura extremamente original para o filme. Um dos trabalhos mais expressivos de Nascimbene foi para o filme A PRIMEIRA NOITE DE TRAQÜILIDADE, dirigido por Valério Zurlini, com Alain Delon e Lea Massari no elenco. O tema título apresenta uma música com um solo de trompete de Maynard Ferguson verdadeiramente notável, alem de uma participação exuberante do sax-tenor Gianni Basso. É verdadeiramente um dos trabalhos mais belos de Nascimbene.
Mario
Nascimbene nasceu em 28 de novembro de 1913 em Milão, falecendo no dia 11 de
janeiro de 2002 em Roma. A música no cinema perdeu uma grande expressão, mas
o seu nome ficará perpetuado na galeria dos grandes mestres.