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A PROFECIA (The Omen, EUA, 2006)
Gênero: Terror
Duração: 110 min.
Elenco: Liev Schreiber, Julia Stiles, Mia Farrow, David Thewlis,
Seamus Davey-Fitzpatrick, Michael Gambon, Pete Postlethwaite, Nikki
Amuka-Bird, Reggie Austin, Vee Vimolmal, Matt Ritchie
Compositor:
Marco Beltrami
Roteirista: David Seltzer
Diretor: John Moore |
Surpresa diabólica
Apesar de
tanta propaganda negativa, o maior defeito da refilmagem do horror clássico de
1976 é apenas, quem diria, o excesso de fidelidade ao original
Quando um filme é xingado a torto e a direito,
a tendência que a gente tem é mesmo ir ao cinema achando que vai ver um lixo. Às
vezes essa expectativa negativa acaba funcionando como vantagem para o filme. É
o caso de A PROFECIA (2006), de John Moore (ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS, O VÔO DA
FÊNIX), remake do hoje clássico de Richard Donner. Quando o filme
começou, eu confesso que estava com um pouco de má vontade. Aquela criança no
começo não me convenceu de jeito nenhum como o Anticristo, e a trama me pareceu
bastante forçada. Mas chega uma hora em que o filme se ergue e os sustos
aparecem. O drama do pai que tem que matar o próprio filho para livrar o mundo
do demônio acabou por me deixar bastante envolvido, diria que mais até do que no
filme original. Claro que o fato de eu ter visto o original apenas em DVD
contribui muito. Quanto ao garotinho, lá perto do final ele se torna mesmo
assustador. E tem aquele cachorro preto que fica dentro da casa, que é de
arrepiar tudo quanto é cabelo.
Interessante que normalmente eu me sinto incomodado com filmes que trazem
profecias sobre o Apocalipse. Alguns são extremamente ridículos. O caso mais
gritante seria o de FIM DOS DIAS, aquele lixo que trazia o Schwarzenegger
enfrentando o capeta e que se aproveitava do fim do milênio. Desta vez, eu até
achei interessante o roteirista ter comparado eventos atuais, como a queda das
torres gêmeas e o tsunami na Ásia, com trechos do Apocalipse. Se bem que eu sei
que essas interpretações devem ter sido copiadas das idéias de alguma igreja
evangélica.
Quem substitui Gregory Peck e Lee Remick neste remake são Liev Schrieber
e Julia Stiles. Julia aparece um pouco mais gordinha, mas gostei muito da
entrega dela à personagem. Deu para ver que ela estava levando a sério o filme
na cena em que ela chora com medo do próprio filho. Ela não sabe que o menino
não é seu filho biológico, mas sabe que ele possui uma natureza maligna
(suspeito que, depois de ver o filme, as mães que planejam adotar uma criança
vão desistir da idéia).
Um dos maiores problemas desse novo A PROFECIA é mesmo o excesso de reverência à
obra original. Muito pouco foi mudado, mas algumas coisas foram mudadas para
melhor. Por exemplo, a seqüência da tempestade que vai pôr fim à vida do padre,
vivido por Pete Postlethwaite, é um primor de construção atmosférica. Chamarem
Mia Farrow para interpretar a babá também foi uma boa sacada, já que depois dela
dar à luz o filho do capeta em O BEBÊ DE ROSEMARY, nada mais natural do que
ajudar na criação do Anticristo. Claro que muita coisa poderia ser melhorada ou
acrescentada no filme, mas acredito que John Moore fez um bom trabalho, até
porque se sabe que a produção foi meio atropelada, para que o filme estreasse
mundialmente dia 06/06/06.
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