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O CHAMADO 2 (The
Ring Two, EUA, 2005)
Gênero: Terror
Duração: 111 min.
Elenco: Naomi Watts, Simon Baker, David Dorfman, Emily VanCamp,
Sissy Spacek, Ryan Merriman, Jesse Burch, Daveigh Chase
Compositores: Henning Lohner, Martin Tillman,
Hans Zimmer
Roteiristas: Kôji Suzuki, Hiroshi Takahashi, Ehren Kruger
Diretor: Hideo Nakata
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Terror e veados digitais
Continuação de O CHAMADO, do mesmo
diretor do original japonês, é quase tão boa quanto a primeira versão
norte-americana, e garante o terceiro filme da série
Por mais que
digam que o cinema americano anda sem criatividade e está apelando para copiar
sucessos de outros países (especialmente da Ásia), estou curtindo muito este
momento. Tudo bem que vai chegar uma hora que isso vai cansar, que a gente vai
ficar de saco cheio de ver cabelo preto no rosto, mas não é assim até com as
melhores coisas? Depois de conferirmos a refilmagem de
O GRITO pelo mesmo diretor do
original japonês (Takashi Shimizu), chega a vez de vermos como Hideo Nakata,
talvez o mais importante e popular dos diretores de terror japoneses da
atualidade, se sai trabalhando em Hollywood. Devo dizer que não fiquei nada
decepcionado.
O CHAMADO 2 (2005) supera em muito o original japonês e é quase tão bom quanto O
CHAMADO (2002), de Gore Verbinski. Em comparação com o original japonês, a
versão americana é muito mais fácil de entender, muito melhor desenvolvida, e
conseqüentemente, mais fácil de se envolver. Quem viu RINGU 2 (1999) e acha que
vai ver apenas uma cópia americanizada do original pode ficar tranqüilo: o
roteiro é praticamente outro. E assim como no filme de Verbinski foi colocada
aquela espetacular cena dos cavalos, nessa continuação quem aparece para
aterrorizar os personagens e a platéia é um grupo de veados (!). A cena dos
veados é um dos pontos altos do filme. Claro que muitas cenas da versão original
não podiam ficar de fora, como por exemplo, a famosa cena da "perseguição" de
Samara (ou Sadako, no japonês) dentro do poço.
Em se tratando de ritmos e tons, o que mais diferencia esse segundo filme do
primeiro é a abordagem mais intimista. Enquanto Verbinski colocava naquele doses
de aventura e um ritmo mais acelerado, neste sente-se no ar até um certo
anticlímax. A fotografia também está bem mais bonita, mas isso era de se esperar
já que foi injetado muito mais dinheiro nessa produção. Sem falar da sorte que é
ter uma atriz como Naomi Watts encabeçando o elenco. O garotinho David Dorfman
tem mais destaque nesta seqüência, fazendo com que o filme lembre em certos
momentos O SEXTO SENTIDO, de M. Night Shyamalan. Diferente da versão japonesa,
que ainda continha várias cenas envolvendo a tal fita amaldiçoada, no remake
americano a fita é praticamente deixada de lado logo no começo do filme. O filme
se concentra principalmente nas tentativas de Samara de se apossar do corpo do
garoto.
Numa entrevista de Hideo Nakata publicada na Folha de São Paulo, o diretor falou
que já tem dois projetos em andamento nos EUA (é onde está a grana, né?): um
deles é a refilmagem de um filme americano dos anos 80 chamado THE ENTITY; o
outro se chama OUT, que é baseado num romance japonês sobre quatro mulheres que
acobertam o crime de uma delas. Fora isso, no IMDB consta que ele já está
fazendo a pré-produção da refilmagem de THE EYE, dos Pang Brothers. Isso sem
falar no terceiro filme da franquia americana de O CHAMADO, que dizem que tanto
pode ser o remake de RINGU 0, que no Japão, não foi dirigido por ele,
como pode ser um filme totalmente novo. Desse jeito, o homem não volta mais para
o Japão.
Enquanto isso, aguardemos a chegada de
VISÕES (The Eye 2), que pelo
trailer não tem nada a ver com o primeiro filme - , e
ÁGUA NEGRA, de Walter
Salles, que, pode até surpreender positivamente.
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