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JOGOS MORTAIS 4 (Saw
IV, EUA, 2007)
Gênero: Terror
Duração: 104 min.
Elenco: Tobin Bell,
Lyriq Bent, Costas Mandylor, Scott
Paterson, Angus Macfadyen, Justin
Louis, Sarain Boylan,
Shawnee Smith,
Betsy Russell, Mike Realba, Simon Reynolds,
Athena Karkanis
Compositor: Charlie Clouser
Roteiristas: Patrick Melton, Marcus Dunstan
Diretor: Darren Lynn Bousman |
Tedioso e rentável sadismo
Quarto
título da lucrativa franquia de terror é uma triste lembrança do prazer
inconsciente que sentimos em ver o sofrimento e a tortura humana
Juro que é a última vez
que vou ao cinema para ver algo dessa franquia nojenta. A não ser que algum
diretor de renome e que eu respeite muito se aventure num filme dessa série. Eu
saí do cinema com a mesma convicção que eu saí depois de ver o
segundo filme do Shrek e o
segundo Piratas do Caribe.
JOGOS MORTAIS 4 (2007), de Darren Lynn Bousman, não é apenas um dos piores
filmes do ano, mas uma falta de respeito até com os fãs da série, fãs que se
confundem às vezes com sádicos. Se bem que chamar de sádico o fã da série - ou
de filmes como O ALBERGUE - é até um pouco hipócrita da nossa parte. Há na
própria natureza humana esse prazer - ainda que inconsciente - em ver o
sofrimento e a tortura humana. E como não vivemos mais nos tempos em que as
pessoas tinham suas cabeças decepadas pela guilhotina, ou enforcadas em praça
pública ou deixadas morrendo numa cruz, como na época do Império Romano, nos
resta o cinema para saciar a sede de sangue. E eu diria que é uma maneira bem
mais saudável, já que a gente sabe desde o começo que aquilo ali é "de
mentirinha", são efeitos especiais.
E falando em efeitos especiais, se há uma coisa que se pode dizer que foi
caprichada nesse quarto filme da série foi a cena da autópsia de Jigsaw. Mas o
filme é tão incapaz de provocar asco, nojo ou medo que essa cena acaba gerando
apenas indiferença. É como se todos na platéia fossem velhos e entediados
cirurgiões. Entram, a seguir, os velhos e cansativos jogos de Jigsaw e sua
amante, Amanda, que morreram na terceira parte da série, mas deixaram antes de
morrer alguns joguinhos espalhados por aí, em várias fitinhas de áudio
endereçadas a certas pessoas. Entre elas, um obstinado agente da SWAT. Aliás,
que personagem mais ridículo o desse policial (Lyric Bent). E eu nem me lembrava
mais dele nos episódios 2 e 3 da série, nem dos outros que também haviam
aparecido nos anteriores, de tão "marcantes" que foram. Apenas Jigsaw (Tobin
Bell) é um vilão difícil de esquecer. E, apesar de estar morto, este é o filme
em que ele mais aparece, em flashbacks contados por sua ex-esposa. Mas
quem se importa com o passado do Jigsaw? Talvez isso tenha sido usado mais para
evitar a repetição e esconder a falta de criatividade de se criar mais jogos
sádicos para preencher a já curta duração do filme e garantir uns bons trocados
para os produtores.
Claro que para quem é fã da série o filme ainda pode agradar, já que mantém de
certa maneira o espírito dos anteriores, dá mais informações sobre o vilão
metido a moralista, e oferece mais do mesmo, isto é: cenas sangrentas, ainda que
sem o mesmo impacto de antes. Eu, pelo menos, não destacaria nenhuma cena em
especial como memorável. E o filme perde ainda mais se compararmos com o ótimo e
tenso primeiro filme, o único dirigido pelo malásio James Wan, que fez a coisa
certa em abandonar a série para se dedicar a outros trabalhos, entre eles
SENTENÇA DE MORTE, thriller estrelado por Kevin Bacon e que deve pintar
no circuito comercial nos próximos dias.
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