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Kurt Russell como
Jack O'Neil no filme Stargate |
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O elenco original da série Stargate SG-1 |
O objetivo desta
coluna
não é realizar uma descrição minuciosa sobre o filme
Stargate
ou a série
dele derivada,
Stargate SG-1,
mas sim
traçar um paralelo entre os dois e fazer uma ponte de ligação para aqueles que
desejam assistir a um ou ao outro. Recomendo assistir ao filme antes, pois
alguns conceitos básicos (e algumas diferenças em relação
à
série) serão mais facilmente assimilados, porém, isso não é regra, e é
perfeitamente possível se assistir ao filme após algum tempo de dedicação a SG-1.
Bom, vamos lá. No outono americano de 1994, enquanto muitos se preparavam para
os últimos meses do ano, era exibido pela primeira vez um filme que mudaria os
alicerces da ficção científica: Stargate. O filme, que recebeu o nome de
Stargate - A Chave para o Futuro
da
Humanidade em território brasileiro, foi escrito por Dean Devlin (que também
escreveu Independence Day, Soldado Universal, O Triangulo)
e Roland Emmerich, sendo este último também diretor do filme (e que também
dirigiu O Dia Depois de Amanhã, Independece Day, O Patriota,
Godzilla e Soldado Universal), e conta também com a participação
de Joel B. Michaels e Oliver Eberle em sua produção, com fotografia de Karl
Walter Lindenlaub e música de
David Arnold.
Como o objetivo do filme era mostrar a expedição de um grupo militar para outro
planeta, nada mais acertado do que a escolha de Kurt Russell para o papel do
Coronel reformado Jack O'Neil.
Conhecido nas telas por seus
papéis de durão nos filmes
de John Carpenter Fuga
de Nova York e O Enigma de Outro Mundo,
foi fácil a sua caracterização como militar linha dura. Já James Spader parece
se sentir muito confortável como o relegado Dr. Daniel Jackson, em suas crises de
genialidade ou de espirros.
Com um orçamento apertado (U$ 55 milhões) para uma produção de ficção científica
(que por sua natureza requer uma variedade maior de efeitos especiais),
Stargate sofre de uma deficiência do ponto de vista de enredo (que para
alguns é meio complicado) e a realização dos efeitos especiais, que deixam um
pouco a desejar. Mas deixando detalhes técnicos de lado, e se prestando atenção
na narrativa central do filme, é fácil se ambientar com a antiga possibilidade
de visitantes extraterrestres, os quais devido ao seu avanço tecnológico, teriam
se passado por deuses para os povos antigos.
Porém o grande mérito do filme Stargate não está nem na introdução da sua
história, nem na interpretação dos atores, mas sim em um detalhe insignificante
de sua trama. No início do filme, Daniel Jackson descobre que os endereços do
Stargate (um portal
que permite viajar quase que instantaneamente entre as estrelas)
são compostos
por 7 símbolos, que se coordenados, indicariam um ponto tridimensional no
espaço, levando a localização de um planeta. E no próprio filme vemos que o
Stargate em sí tem 39 símbolos, então, para que servem os outros símbolos não
usados, a não ser para realizar outras combinações? Então, o Stargate não leva
somente a Abydos, planeta visitado no filme?
Bingo. Estava criado um vácuo onde se
poderia
explorar um universo quase infinito de combinações, levando a outros planetas,
encontrando outros povos, dando abertura para a criação de algo maior que
sobreviveria por mais de 10 anos, angariando milhões de fãs pelo mundo inteiro.
Com isso, em 27
de julho de 1997, escrita por Jonathan Glassner e Brad Wright, estréia
Stargate SG-1,
série derivada do filme, com seu primeiro episódio intitulado “Children of the
Gods” (Os Filhos
dos Deuses).
Você deve estranhar o porquê do nome de Devlin e Emmerich não estarem creditados
como escritores do primeiro episódio da série. Bom, está é uma história
controversa e que não foi explicada direito, mas o mais aceito é que depois de
anos, a MGM decidiu produzir uma série derivada do filme, que não foi um
blockbuster, mas que também não foi um prejuízo total, pois arrecadou U$
71,5
milhões nos EUA e
U$
196
milhões no mundo. Na época, os dois estavam escrevendo o roteiro para mais dois
longa-metragens do universo SG. Stargate 2 mostraria a conexão entre as
pirâmides egípcias e as pirâmides maias, enquanto em Stargate 3 seria
revelado que famosos mitos (do
Abominável
Homem
das
Neves ao
Monstro de Loch Ness) estariam ligados
a origens alienígenas.
Como a MGM não aceitou o enredo dos dois longa-metragens, e insistiu na criação
da série televisiva (SG-1), os dois não aceitaram mais fazer parte do projeto,
talvez por não acreditarem que a série iria ter vida longa.
Então a
MGM comprou na totalidade os direitos autorais da série (desde histórias até
produtos, e por ai vai). A soma na época foi grande o bastante para que os dois
abrissem mão de tudo. Para o lugar dos dois a MGM chamou Brad Wright & Jonathan
Glassner.
Com esta troca,
algumas modificações em conceitos explicitados no filme podem ser vistas na
série. Isso é mais notado por aqueles que, devido ao gosto pela série, decide
assistir ao filme depois. Mas, quais são na verdade as principais diferenças
entre o filme e a série,
além das óbvias mudanças no elenco? Cito algumas abaixo (a lista completa pode ser vista na
Wikipedia -
http://en.wikipedia.org/wiki/Stargate_SG-1#Differences_between_the_film_and_series):
1) No filme, Rá é o ultimo de
uma raça de parasitas
e possui a forma humanóide tradicional de um alienígena (como mostrado abaixo).
Já na série, Rá é apenas um de vários seres chamados Goa’uld, os quais se
denominam “Os Senhores dos Sistemas”, e tem a aparência de cobras;
Aparência
dos Goa’uld no filme |
Aparência
dos Goa’uld na série |
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2) No filme, o
Stargate está em uma base na montanha Creek, enquanto que em SG1 ele está em
um complexo na montanha Cheyenne;
3)
Algumas diferenças visuais no Stargate:
-
Os “chevrons”
no filme não brilham quando travados, como eles fazem na série.
-
O
“chevron”
superior é estéticamente diferenciado dos demais, no filme, enquanto que na
série são todos iguais.
-
No filme,
cada Stargate possuí 39 símbolos, mas na série são 38, pois o 39º é o ponto de
origem, que é diferenciado em todo portal.
-
No filme,
quando o wormhole é criado, o vortex é criado somente ao fundo
do Stargate, e depois é feita uma onda para a frente. Na série, o vortex
é criado em ambas as direções.
4) Os Anéis de
Transporte no filme consistem de
nove
anéis, um sobre
o outro, enquanto que na série são usados apenas
cinco
anéis, com espaço entre eles;
5) No
filme, Abydos fica a milhões de anos luz da Terra, em uma galaxia diferente. Já
em SG-1, Abydos é o planeta mais próximo da Terra e está na mesma galaxia que ela;
6) No
filme, o nome do personagem de Kurt Russell se chama Coronel Jonathan "Jack"
O'Neil (com um L apenas); já em SG-1, o personagem de Richard Dean Anderson
(também produtor
executivo durante a maior parte da série) chama-se Coronel Jonathan "Jack" O'Neill (com dois L). Isso
até foi motivo de piada
em um dos episódios;
7) No
filme, o nome do filho morto de Jack é Tyler. Na série,
ele se chama Charlie;
8) No
filme a esposa de Daniel Jackson se chama Sha'uri. Em SG-1, ela se chama Sha're;
9) No
filme não existem os Jaffas. Os guardas de Rá eram humanos.
Existem
muitas outras pequenas diferenças entre a série e o filme, mas nada que
comprometa a qualidade. Em uma
próxima
coluna
irei falar mais sobre os primeiros episódios de
Stargate
SG-1.
Luiz
Erivelto de Oliveira Júnior
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