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BEM-VINDO A SÃO PAULO (Welcome
to São Paulo, EUA, 2007)
Gênero: Documentário
Duração: 100 min.
Elenco: Caetano Veloso
Roteirista: Leon Cakoff
Diretores: Leon Cakoff, Wolfgang Becker, Renata de Almeida, Maria
de Medeiros, Hanna Elias, Amos Gitai, Mika Kaurismäki, Jim McBride,
Phillip Noyce, Ming-liang Tsai, Andrea Vecchiato, Caetano Veloso,
Yoshishige Yoshida, Ash, Mercedes Moncada |
Barata e rápida
Visão da
cidade de São Paulo, idealizada por Leon Cakoff e com a colaboração de diversos
diretores internacionais, acaba revelando-se superficial
Diferente de PARIS, TE AMO, que é um filme mais
caprichado e com dinheiro envolvido, com segmentos de ficção e uma homenagem de
fato à cidade em questão, BEM-VINDO A SÃO PAULO, o projeto idealizado por Leon
Cakoff, tem a intenção de fazer uma reflexão sobre a terceira maior cidade do
mundo. Cakoff convidou diversos cineastas presentes em algumas das edições da
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo para apresentar a sua visão da
metrópole de maneira rápida e barata. Alguns episódios resultaram um pouco
desleixados, como se pudessem ter sido filmados por qualquer pessoa, como os de
Philip Noyce e Mika Kaurismäki. Interessante como praticamente todos os
episódios flagraram uma cidade feia e suja. Não que a cidade não seja, mas tenho
certeza de que há muitas zonas bonitas em São Paulo. Provavelmente os cineastas
se interessaram mais pelo aspecto "exótico" da cidade.
O segmento que eu mais gostei foi, de longe, "Aquário", de Tsai Ming-Liang, o
único que apresentou uma característica forte da cidade, que é a chuva.
Ming-Liang aponta sua câmera para um edifício decadente e vemos várias pessoas
nas janelas de seus apartamentos. Ficou parecendo a visão de um presídio. O som
da chuva, as pessoas com seus guarda-chuvas nas ruas, o céu cinzento, tudo é
visto com uma certa poesia, ausente da maior parte dos outros segmentos. Falando
em poesia, o grande homenageado do filme é Caetano Veloso, que, além de ser o
narrador, tem a sua canção "Sampa" aparecendo em dois dos segmentos. Na primeira
vez, vemos a letra da canção sendo recitada por Maria de Medeiros no segmento
assinado por ela; e na segunda vez, no segmento de Wolfgang Becker.
Como a cultura nipônica é muito importante para a construção de São Paulo,
ficamos sabendo um pouco sobre a chegada dos japoneses no início do século XX
para trabalhar na cultura do café, substituindo a mão-de-obra escrava e, por
isso mesmo tendo sofrido bastante no início. Em seu segmento, o diretor Kiju
Yoshida nos apresenta uma entrevista de uma garçonete descendente de japoneses.
É o segmento que mais destoa dos demais, tanto pela duração, quanto pelo ritmo.
Já a cultura negra é apresentada no fraco "Ensaio Geral", do palestino Hanna
Elias.
O segmento "Esperança", de Ash, não diz muito a que veio. Aliás, até diz, mas me
pareceu incompleto, como se fosse um trecho de uma reportagem televisiva ou um
documentário interrompido. Em compensação, Daniela Thomas foi muito mais feliz,
ao mostrar o Minhocão em diversos momentos do dia e da noite. Eu gosto muito de
ver a câmera do ponto de vista de um motorista. Dá a sensação de que eu estou
passeando. "Esperando Abbas" é outro episódio memorável. Dirigido por Cakoff e
sua esposa, Renata de Almeida, o segmento emula e cita o cineasta iraniano Abbas
Kiarostami, a quem o projeto é dedicado. Kiarostami, inclusive, deu sugestões a
Cakoff no que diz respeito à ordem dos segmentos, que foi mudada no lançamento
comercial.
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